Da Ascom PSOL
SÃO PAULO – Pela primeira vez desde sua criação o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) aprovou orientação para a realização de diálogos com outros partidos com vistas às eleições municipais. Até então, o partido aprovava as alianças caso a caso, avaliando a conveniência de cada coligação. A aprovação final caberá ao 7º Congresso Nacional do partido, que ocorrerá no primeiro semestre de 2020.
Foram aprovadas negociações com todos os partidos de oposição ao governo Bolsonaro e vetadas, desde já, alianças com partidos da base do governo ou do chamado ‘centrão’. Essa e outras decisões foram tomadas em reunião do Diretório Nacional realizada no último final de semana em São Paulo.
“Trabalharemos para formar alianças com os partidos declaradamente de oposição de esquerda ao governo Bolsonaro, de enfrentamento à agenda liberal e em defesa dos direitos democráticos e sociais. Estão vetadas alianças com os partidos da base do governo federal e do centrão”, esclarece Juliano Medeiros, presidente da legenda.
Segundo ele, a pressão pela unidade das forças de oposição ao governo é um fenômeno natural do momento político atual. “Essa pressão, no entanto, não pode ser entendida como forma de suprimir divergências entre os partidos de oposição. Buscaremos a unidade, mas respeitaremos a coerência da tática determinada em cada município pelas direções locais do PSOL”, salienta.
O pleito de 2020 foi considerado pelo Diretório como o mais importante da história do PSOL, tanto pela presença das forças de extrema-direita quanto pelo forte crescimento do partido. “É inegável a ampliação da nossa presença política e institucional. Além disso, nos últimos 12 meses, tivemos um crescimento excelente de 23% no número de filiados”, pontua Medeiros. Ele atribui os resultados à conjuntura polarizada com o bolsonarismo, ao desempenho da campanha de Guilherme Boulos à presidência e à identificação do partido como uma alternativa ética, combativa e independente.
O PSOL colocou como meta lançar, ao menos, mil candidaturas próprias a prefeituras em todo o país, bem como construir fortes chapas de vereadores para aumentar a presença do PSOL nas câmaras legislativas.
Ações imediatas
Na ocasião, os dirigentes nacionais também estabeleceram as tarefas políticas imediatas do partido. Entre as principais está a formação de frentes unitárias amplas, entre distintos setores, para derrotar o governo Bolsonaro e seus ataques. “Porém, isso deve ser estabelecido com base em um projeto de esquerda e não deve ignorar as diferentes táticas que convivem no âmbito da oposição”, reafirma Medeiros.
Assim, a coalizão terá formatos diferentes a depender do tema. Por exemplo, para enfrentar a censura e o cerceamento das liberdades democráticas, poderá contar com amplos setores sociais, indo bem além da esquerda.
Em outros temas, como a reforma da previdência, será mais restrita, resumindo-se quase sempre aos partidos e movimentos mais identificados com a esquerda e a classe trabalhadora. “Devemos ter sabedoria e flexibilidade para agir em cada momento de acordo com as necessidades que se colocam”, pondera o presidente.