MANAUS – A pandemia causada pelo novo coronavírus estimulou cuidados pessoais com a casa e os alimentos para evitar contaminações. Por isso, o Projeto Bem Diverso intensificou o trabalho de informação e sensibilização direcionada a agricultores, extrativistas e trabalhadores das agroindústrias comunitárias, sobre as boas práticas de fabricação de alimentos.
A chamada BPF reúne um conjunto de orientações para a sanidade dos alimentos e dos trabalhadores. Segundo o consultor em agroindústria do Bem Diverso, João Ávila, é hora de reforçar todas elas.
“Também é um momento oportuno dos grupos que participaram das oficinas do BPF repassarem essas informações para frente, para os produtores de alimentos e até para a própria família, pois os princípios são úteis também na higiene doméstica e pessoal”, explicou.
Toda semana, são publicados informativos e vídeos com orientações para aumentar a higiene com portas, maçanetas e superfícies, além do cuidado com o próprio alimento.
“É preciso orientar a todos que participam do processo, desde a colheita, até a entrega do produto final”, disse Ávila.
O consultor explica que os parceiros ficam em locais muito distantes, que podem até faltar insumos como o álcool em gel e, por isso, as orientações são fundamentais. “Na falta de produtos específicos, temos que orientar que água e sabão, que eles têm acesso, e são eficientes no combate ao vírus.”
Ávila alerta a população em geral sobre a importância de apoiar esses produtores. “As pessoas comem mal, ingerem alimentos ultraprocessados e depois gastam muito dinheiro com remédios e suplementos vitamínicos para compensar. Os produtos da Agricultura Familiar já contam com todos esses nutrientes”.
Diante da possibilidade da pandemia mexer com a economia do país, Ávila faz outro alerta: “Comprando desses produtores, você está cooperando com a dinâmica da economia social. Deixando-a mais justa”.
De acordo o pesquisador Fenelon do Nascimento Neto, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, além das BPF, os exames dos colaboradores das agroindústrias devem ser cumpridos à risca.
“Diariamente os responsáveis pela produção devem supervisionar os seus subordinados, buscando sintomas não desejáveis, que, se encontrados, devem ser tratados e o trabalhador se afastar, de acordo com as recomendações”, afirma Fenelon.
Seguindo recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde), para que todos evitem sair de casa a fim de minimizar ao máximo a propagação do vírus, o Bem Diverso suspendeu por 30 dias as atividades de campo e escritório que envolvem deslocamentos e concentrações de pessoas, mas continua apoiando os seus colaboradores para que o projeto não pare, nem perca força.
“É um momento de grande apreensão para nós, mas ao mesmo tempo, não podemos desanimar dentro deste processo. E, de fato, esse é um momento de dar bastante ouvidos ao que os agentes de saúde têm a dizer, e, principalmente, dar sequência ao trabalho que temos feito junto as vocês, relacionados às boas práticas. Quer seja a de manejo das espécies, quer seja a de processamento de produtos”, disse Anderson Sevilha, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Coordenador do Bem Diverso.
O Projeto Bem Diverso é fruto da parceria entre Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente.
O objetivo é contribuir para a conservação da biodiversidade brasileira em paisagens de múltiplos usos, por meio do manejo sustentável da biodiversidade e de sistemas agroflorestais, de modo a assegurar os modos de vida das comunidades tradicionais e agricultores familiares, gerando renda e melhorando a qualidade de vida.