Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – O pronunciamento do governador Wilson Lima (PSC) na tarde desta segunda-feira, encarado pelos sindicatos dos professores como a o rompimento das negociações, gerou uma reação da categoria. O Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) cancelou a assembleia geral marcada para as 16h desta terça-feira, 14, e convocou os professores para se reunirem na Assembleia Legislativa do Amazonas.
A greve, que completa 30 dias nesta terça-feira, deverá ser mantida pela categoria. Em vídeo gravado à noite e distribuído aos professores nas redes sociais, a presidente do Sinteam, Ana Cristina Rodrigues, afirma que o objetivo da reunião na Assembleia é “chamar os deputados à responsabilidade com os trabalhadores da educação”.
Nos bastidores do governo, a aposta é de que os deputados devem ficar do lado dos professores. Ana Cristina fala em “dar uma resposta ao governador sobre os rumos da greve”. E o comando de greve transferiu o evento para a assembleia exatamente em busca do apoio dos deputados, que se dispuseram a mediar as negociações da categoria com o governo na semana passada e participaram da reunião com o governador no dia 7.
Wilson Lima
A reação de Wilson Lima nesta segunda-feira foi motivada por diversos fatores. O primeiro foi a demora do sindicato em dar uma resposta sobre o fim ou permanência da greve. O governo se apressou para apresentar uma proposta negociada entre a Sefaz, Seduc, Sindicatos e Assembleia Legislativa. A proposta ficou pronta na sexta-feira, mas o Sinteam marcou assembleia para a tarde de terça-feira, 14, ou seja, quatro dias depois. A Asprom Sindical foi mais longe, e definiu assembleia para quarta-feira, 15.
Outro fator foram as conversas de bastidores, que vazaram e chegaram aos ouvidos do governador. Wilson Lima falou em ataques a ele e à equipe dele. Um áudio cuja autoria é debitada na conta de um membro da diretoria da Asprom dizia que a proposta do governo era “uma vergonha”, e que a categoria tinha que se manter unida”, numa clara intenção de manter a greve.
Outro motivo: informantes do governo diziam que as negociações na capital não estavam chegando ao interior do Estado. Nos municípios, os professores ainda estavam reivindicando 15% de reajuste, quando esse percentual já não era mais colocado na mesa de negociação e estava superado para o governo.
Por fim, o governo entendeu que o movimento é político e tem o objetivo de desgastar a gestão de Wilson Lima, iniciada há quatro meses e alguns dias. Na avaliação do governo, os professores, assim como os médicos, que hoje também começaram a se rebelar, perceberam que poderiam enfrentar a atual gestão e colocar o governo em situação de desgaste.
Por isso, Lima decidiu encaminhar para a Assembleia Legislativa projeto de lei com a reposição salarial da data-base dos profissionais da educação de 4,73% e anunciou que vai começar a pagar progressões de carreira horizontais e verticais, dobrar o valor do auxílio localidade e ampliar, reajustar o auxílio alimentação e ampliar o vale-transporte dos professores que cumprem 40 horas, tudo à revelia das assembleia dos sindicatos.
O acerto ou o erro da decisão de Wilson Lima só será conhecida nos próximos dias. A primeira resposta sairá amanhã, na Assembleia Legislativa.