MANAUS – Produtores rurais do Ramal do Pau-Rosa, no quilômetro 21 da rodovia BR-174, dentro do perímetro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, no município de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), gravaram um vídeo para protestar contra o governo do Estado pela falta de manutenção da estrada de barro que dá acesso à comunidade. Eles dizem que alugaram máquinas para recuperar a estrada, que estava intransitável, e gastaram R$ 14 mil.
Para pagar a despesas os produtores rurais “cobram” pedágio de quem trafega pelo ramal. O pagamento não tem um valor fixo e nem é obrigatório, mas eles explicam aos motoristas que é necessário para a manutenção da estrada, e os “convidam” a dar o valor que podem, a título de colaboração.
O produtor rural Kleberson Freitas de Lima, que aparece no vídeo, diz que no ramal estão três máquinas do governo do Estado, paradas há mais de um ano, por falta de manutenção. “As máquinas estão lá jogadas e nós tivemos que alugar uma patrol, uma retroescavadeira e uma caçamba para fazer esse serviço, que é para a prefeitura fazer, o governo fazer e ninguém fez. Nós estamos fazendo”, diz Kleberson.
Outro morador do ramal, o agricultor Márcio Fernandes, se dirige ao governador José Melo, no vídeo, e diz que a situação do ramal “é uma vergonha” e que os moradores cansaram de esperar. “Estamos aqui tirando o dinheiro da boca das nossas crianças, porque temos que recuperar. Esse projeto aqui está custando R$ 14 mil”, disse.
Histórico
Em 2008, a Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural) firmou convênio com uma Oscip, a IDPT (Instituição Dignidade Para Todos) para a recuperação do ramal do Pau-Rosa. O valor do convênio, de R$ 2,2 milhões, foi questionado, cinco anos depois, pelo Ministério Público do Estado do Amazonas, que abriu investigação para apurar o caso.
Em dezembro de 2012, o governo do Estado anunciou que estava finalizando uma licitação para a recuperação do Ramal do Pau-Rosa, mas a recuperação não foi realizada.
Em janeiro deste ano, ao inaugurar a estrada do Puru Puru, no município do Careiro Castanho, o governador José Melo (Pros) disse que o asfaltamento de vicinais seria prioridade no governo dele e era um dos pontos estratégicos para implantar a piscicultura e fruticultura no Estado.
A estimativa da Seinfra (Secretaria de Estado de Infraestrutura) em janeiro era de que cerca de 6 mil quilômetros de vicinais em todo o Amazonas passariam por obras de recuperação e asfaltamento nos próximos quatro anos e que ramais com maior produtividade seriam priorizados.