OPINIÃO
MANAUS – Segurança Pública aparece nas pesquisas de intenção de voto para prefeito de Manaus como o principal problema apontado pela população. Apesar de não ser responsabilidade do município, mas do Estado, com o auxílio da União, os candidatos a prefeito têm apresentado como proposta para combater esse mal a Guarda Municipal armada.
A proposta soa como uma grande tolice. Em 2020, última eleição para prefeito, já se discutia como medida de combate à violência em Manaus armar a Guarda Municipal. O prefeito David Almeida (Avante), candidato à reeleição, cumpriu a promessa e comprou armamento para a Guarda de Manaus.
A medida, no entanto, não causou qualquer impacto perceptível na vida do cidadão em relação à sensação de segurança. A Guarda Municipal foi criada para cuidar do patrimônio do município. Se cumprisse esse papel já seria um grande serviço prestado à população. Nos últimos anos, escolas e unidades de saúde viraram alvos constantes de assaltantes.
O combate à violência requere muito mais ação do que armar um determinado grupamento. O problema mais elementar quando se propõe usar a Guarda Municipal para fazer o papel de polícia é o efetivo. Para fazer frente à violência e produzir algum resultado seria necessário aumentar e muito o efeito da corporação. Os candidatos falam em criar até três mil novas vagas, o que seria um número irrisório considerando a população de mais de 2 milhões de habitantes da capital.
Os candidatos a prefeito, com algumas exceções, não cobram do Estado ações mais efetivas de combate à violência, e tentam convencer o eleitor de que vão resolver o problema com ações do município. Necessário se faz que todos (município, estado e União) se unam no propósito de combater a violência. O município faria muito mais se criasse um movimento de geração de emprego e renda ou usasse a Guarda Municipal para fazer a segurança nas escolas e unidades de saúde.
O estado, sim, precisa aumentar o efetivo das polícias. Botar a corporação Polícia Militar nas ruas para, pelo menos, gerar sensação de segurança. Junto com a União, o estado tem que investir em inteligência para evitar as ações criminosas planejadas.
Atualmente, no Brasil, os presídios se transformaram em abrigo de chefes de organizações criminosas, que comandam as ações de dentro dos presídios. Como aceitar essa situação?
Aliás, as ações de inteligência produzem muito mais resultados do que as ações armadas. Por isso, armar a Guarda Municipal é uma medida paliativa. Algum candidato já disse qual será o alvo desses policiais? Vão combater criminosos armados? Vão agir contra cidadãos desarmados?