Por Iram Alfaia, de Brasília
BRASÍLIA – Como parte de um plano para privatizar a Amazonas Energia até o final do ano, a Eletrobras quer transferir à Petrobras a termelétrica Mauá 3, localizada no bairro Mauazinho, zona sul de Manaus. A unidade seria repassada como ativo para pagar parte de uma dívida bilionária da estatal com a petrolífera da ordem de R$ 16 bilhões.
A Mauá 3, junto com as usinas de Balbina, Aparecida e Mauá 1,2 e 4, faz parte da Amazonas GT (Geração e Transmissão), empresa subsidiária da distribuidora Amazonas Energia, todas do grupo Eletrobas. Ou seja, a venda desses ativos ajudaria a sanear a Amazonas Energia a fim de que ela seja privatizada.
A Eletrobras investiu R$ 1 bilhão na construção da termelétrica Mauá 3.
Só em fornecimento de gás natural para o sistema elétrico local há uma dívida de R$ 8,2 bilhões, o que levou a Petrobras a se recusar a fornecer o gás para mover Mauá 3. A Amazonas GT ingressou na Justiça para ter o direito de receber o gás.
O presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amazonas, Edney da Silva Martins, diz que a transferência da termelétrica para a Petrobras inviabilizaria a própria Amazonas GT. “A única usina lucrativa da empresa é a Mauá 3, as outras são todas deficitárias”, explicou o sindicalista.
Outro problema, segundo ele, é a falta de expertise da Petrobras. “A empresa não tem funcionários qualificados para operar Mauá 3. Tenho dúvida se a Petrobras vai querer fechar esse negócio”, disse.
O dirigente dos urbanitários diz que nesta quarta-feira, 16, haverá mobilização dos sindicalistas no Congresso a fim de evitar a privatização das distribuidoras do Norte e Nordeste (Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Alagoas e Piauí) que estão na mira do Governo Temer.
No caso da Amazonas Energia, o governo já avaliou que terá dificuldade para vendê-la, uma vez que se trata de uma empresa deficitária e endividada. No último caso, cogita-se promover a liquidação dela. Nesta situação, Edney Martins questiona: “Como ficará os dois mil funcionários? Quem fornecerá energia para o Estado? Como será essa liquidação?”
As informações sobre a negociação entre as empresas estatais de energia e petróleo foram tema de reportagem do jornal Valor Econômico desta terça-feira, 15, intitulada “Petrobras pode ficar com térmicas da Eletrobras para mitigar dívida”.