Arena da Amazônia deve ser certificada, mas coordenador da UGP-Copa não arrisca dizer se a certificação será feita antes do Mundial da Fifa

MANAUS – O título de “estádio verde” da Copa do Mundo da Fifa 2014, tão propalada pelo então governador Eduardo Braga (PMDB) para a Arena da Amazônia no período pós escolha de Manaus como sede do evento, foi conquistado, primeiro, pelo Estádio Castelão, de Fortaleza. A cidade praiana do nordeste teve sua arena contemplada com a certificação internacional LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental, sigla em português), por respeito de práticas de construção exemplares nas áreas de espaço sustentável, uso racional de água, eficiência energética, qualidade ambiental interna, uso de materiais de baixo impacto ambiental e estímulo a inovações.
O coordenador da Unidade Gestora do Projeto Copa do Amazonas (UGP-Copa), Miguel Capobiango, afirma todas as arenas devem receber o título de “estádio verde” e que a Arena da Amazônia está em processo de certificação. Ele disse que o processo só é concluído após a inauguração e o efetivo uso do estádio. Como a arena de Fortaleza foi a primeira inaugurada entre as 12 que sediarão os jogos, também foi a primeira a receber a certificação. “Estamos acompanhando esse processo, e a próxima a receber o certificado LEED deve ser a arena de Belo Horizonte”, disse o coordenador da UGP-Copa.
De acordo com Miguel Capobiango, o Estado contratou os serviços da Sustentec Desenvolvimento Sustentável Ltda. para prestar consultoria técnica durante o desenvolvimento do projeto e da obra da arena. Um dos trabalhos realizado pela empresa é a produção de relatórios periódicos de desenvolvimento da obra. “Primeiro submetemos o projeto da arena ao Conselho da LEED. Depois de aprovado, eles acompanham a obra, através dos relatórios e de visitas ao canteiro para ver se tudo está sendo feito de acordo com o projeto. Depois de concluída a obra, ela passa por nova avaliação em que a LEED vai aferir se o projeto funciona da forma que foi planejado”, explicou Capobiango.
O contrato com a Sustentec, no valor de R$ 409.188,63 foi assinado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e tem validade de 840 dias. Como a assinatura ocorreu em abril de 2012, a vigência vai até julho deste ano, se não houver prorrogação.
Para o coordenador da UGP-Copa, não é possível afirmar se a certificação da Arena da Amazônia ficará pronta até a Copa do Mundo, que começa em junho. “A Arena Castelão foi inaugurada antes da Copa das Confederações e só agora eles conseguiram a certificação”, afirmou.
No ano passado, a UGP-Copa anunciou que o projeto de energia solar para fornecer energia elétrica para a arena ficaria para depois. Na ocasião, informou que tratava-se apenas de um estudo e não estava incluído no projeto original do estádio.
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Abaixo, a matéria publicada na última quarta-feira no site da Fifa.
“O Castelão é o primeiro estádio “verde” entre arenas oficiais da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. Entre as 12 arenas que registraram seus projetos para receberem a certificação internacional LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), o estádio de Fortaleza já teve atestado o respeito de práticas de construção exemplares nas áreas de espaço sustentável, uso racional de água, eficiência energética, qualidade ambiental interna, uso de materiais de baixo impacto ambiental e estímulo a inovações.
Para o arquiteto David Douek, diretor da OTEC – consultoria que atuou junto à equipe de projeto e obra para alcançar a certificação ambiental LEED -, o mais importante no conceito de estádios “verdes” é a possibilidade de educar uma camada maior da população sobre o conceito sustentabilidade e suas aplicações práticas:
“Quando você compara estádios com outros edifícios, como fábricas, prédios comerciais, normalmente o acesso à grande massa é restrito porque 99% deles são de origem privada. Quando a gente fala de estádio, temos uma incrível oportunidade de mostrar à população, de educar uma massa mais significativa de pessoas sobre os benefícios de pensar a sua casa ou o seu prédio de uma forma mais sustentável, principalmente quanto à redução da utilização de recursos naturais”, afirmou.
Tendo isso como referência, um evento como a Copa do Mundo da FIFA ganha ainda mais relevância, como um torneio que pode passar muitas mensagens e parâmetros além do fair play e de todas as emoções que grandes jogos proporcionam. “A Copa do Mundo sempre é um evento esportivo de envergadura inquestionável, e poder associar a Copa com a preocupação com a sustentabilidade é uma forma de mostrar que sustentabilidade não é algo inatingível, segmentado. É algo que deve fazer parte do dia a dia de qualquer pessoa”, completou Douek.
Para atender os critérios necessários para o recebimento da certificação LEED, a lista de medidas adotadas incluiu, entre outros itens: redução do consumo de água potável em 67,61%, conquistada com a utilização de metais e de tecnologias que reduzem o consumo de água; atenção para o transporte público, com o complexo servido por quatro linhas de ônibus que ultrapassam a freqüência mínima de 200 viagens; sistema de condicionamento de ar que não utiliza gases refrigerantes à base de CFC (clorofluorcarbono), responsáveis pela destruição da camada de ozônio.
Além disso, foram avaliadas a política de proibição de fumo em todas as áreas internas do complexo e nas externas, à distância mínima de 8 metros de todas as entradas de ar dos edifícios, e a construção de centrais de resíduos, apropriadamente dimensionadas para armazenamento de resíduos recicláveis incluindo papel/papelão, plástico, vidro e metal, com frequência de coleta adequada.”