Do ATUAL
MANAUS – O advogado Édson Rosas Júnior, presidente afastado do TJD-AM (Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas), rebateu as acusações da FAF (Federação Amazonense de Futebol) de suspeita de desvio de recursos, em entrevista coletiva na manhã deste sábado (23). Rosas Júnior foi afastado da função por 30 dias pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) que acatou Representação Ético Disciplinar da FAF. O processo está sob sigilo.
Sobre a acusação de receber custas dos processos em conta corrente pessoal, Édson Rosas Júnior afirmou que a decisão de recolhimento dos valores na secretaria do TJD-AM é amparada por uma resolução aprovada no plenário do tribunal e, portanto, uma decisão colegiada, de abril deste ano.
“A decisão do recolhimento das custas serem feitas no TJD não foi arbitrária, não fui eu quem cheguei e disse assim: ‘olha, tem que pagar aqui no TJD’. Tenho total consciência que as custas deveriam ser pagas na conta da federação. Mas também tenho total consciência que a legislação diz que a obrigação de manter o custeio do tribunal é da federação e a federação não o faz”, disse na coletiva.
“Aqui nada é feito sem o conhecimento dos auditores. Eu sou o presidente e executo as decisões do plenário. Nada é feito de forma escondida. Nada foi feito para o benefício de quem quer seja. Agora, porquê que isso foi feito? Porque as pessoas quando não podiam pagar na secretaria, pediam uma forma alternativa de pagamento e eu ou passava meu pix, ou o pix da secretaria”, afirmou.
Rosas Júnior afirmou que até ano passado as multas aplicadas em julgamentos do TJD-AM podiam ser pagas, nas primeiras 24 horas, com a conversão de metade do valor em cestas básicas doadas a entidades beneficentes.
“Eu até me arrependo de ter parado com isso. Tinha 13 instituições aqui. Mas quando o atual presidente [da FAF, Ednailson Rozenha] assumiu, ele disse para mim: ‘vamos parar com esse negócio de cesta básica porque a gente precisa de dinheiro para pagar as despesas também do TJD’. Então, fizemos a resolução acabando com a cesta básica [como forma de pagamento de até 50% do valor das multa]”, acrescentou Rosas Júnior.
O presidente afastado do TJD-AM disse que de janeiro para cá “nós não recebemos um real de repasse”, apesar dos insistentes pedidos por verba para custeio do tribunal. Rosas Júnior apresentou documento com detalhes do custo mensal do tribunal, de R$ 34,6 mil.
“Em momento algum foi pedido que se pagasse todas as despesas do TJD. Desde o Dissica [Valério Tomaz, ex-presidente da FAF] havia um acordo que a federação pagava as secretarias [da entidade], valor que era reembolsado das multas aplicadas”, disse.
Com relação a acusação de “pressionar as equipes”, Édson Rosas Júnior disse que sempre foi flexível quanto ao pagamento, proporcionando o parcelamento, até quando as multas eram impostas pelo STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva), a quem o TJD precisava faz er o repasse. Porém, quando as parcelas não eram recolhidas pelos clubes, acarretava a impossibilidade do clube jogar.
De acordo com Rosas Júnior, isso era comunicado à federação que repassava a situação aos clubes, com o alerta que, em caso de não pagamento, não poderia entrar em campo para jogos das categorias de base. No final da coletiva, disse que “na próximaeleição da FAF, serei candidato à presidência”.
Sem citar o nome de Rozenha, Rosas Júnior criticou a gestão do presidente da FAF. “É uma pessoa que veio fugida de Roraima”, disse. Rozenha é natural de Rondônia, de onde veio para o Amazonas aos 16 anos.
Rosas Júnior disse estar arrependido de tê-lo apoiado e pediu desculpas ao ex-presidente da federação, Francisco Valério Dissica Tomaz, ao antigo vice-presidente Pedro Augusto, ao filho de Dissica, conhecido como Dissiquinha, e ao presidente de honra do Manaus FC, vereador Luis Mitoso (PTB). “Eles me alertaram sobre o caráter dessa pessoa [Rozenha]. Quero pedir desculpas a eles e reconhecer meu erro”, disse o presidente afastado.
Ao ATUAL, Rozenha disse não ter conhecimento do teor da fala de Rosas Júnior e que precisava analisar, mas adiantou pensar não ser correto fazer uma coletiva para falar de processo que está com segredo de justiça. E por esse motivo não iria se pronunciar.
Sobre as denúncias que levaram ao afastamento de Rosas Júnior, Rozenha disse que “os fatos são lamentáveis e infelizmente são graves. O futebol amazonense passa por um momento de renovação e a gente precisa resolver o que está errado”.