EDITORIAL
MANAUS – A política de preços da Petrobras, ou seja, a forma como altera os preços dos combustíveis em suas refinarias, utiliza o PPI (Preço de Paridade Internacional). Por muito tempo a estatal informou que esse PPI variava de acordo como preço do barril do petróleo no mercado internacional e do dólar em relação ao real.
Mas há outras nuances por trás dessa tese. A principal delas é a cotação dos derivados de petróleo nos mercados mundiais. Essa nuance visa, principalmente, atender aos interesses de empresas privadas que importam diesel e gasolina para revenda no Brasil.
Com a descoberta do pré-sal, o Brasil se tornou autossuficiente em extração de petróleo, mas não em refino. Por isso, precisa importar gasolina e o diesel.
E são exatamente as empresas privadas importadoras de combustíveis as maiores interessadas na alta de preços, sob o argumento de que sem os aumentos sistemáticos, deixarão de importar, o que pode causar desabastecimento no país.
A Petrobras, ao atender as empresas privadas e elevar os preços de forma sistemática, atropela a própria política de preços, como demonstrado a seguir.
Em 1° de janeiro deste ano, a gasolina era vendida pela Perobras nas refinarias a R$ 3,09. Começou a subir em 12 de janeiro e foi a R$ 2,25. No dia 11 de março passou a 3,86 e agora foi para R$ 4,06.
O diesel começou o ano vendido a R$ 3,34 pela Petrobras. No dia 12 de janeiro foi a R$ 3,61. No dia 11 de março saltou para R$ 4,51; no dia 9 de maio novo reajuste elevou o preço a R$ 4,91 e, agora, 5,61 o litro.
Em janeiro deste ano, o preço do barril de petróleo no mercado internacional era vendido a US$ 91,21 (R$ 511,58 com a cotação do dólar a R$ 5,61). Neste mês, o preço médio do barril está a US$ 116,95 (R$ 598,78 com a cotação do dólar a R$ 5,12 nesta sexta-feira).
Essa variação do preço do barril do petróleo, comparados os preços em janeiro e junho é de 28,22% em dólar e de 17,04% em real, porque o dólar está com valor mais baixo neste mês do que em janeiro passado.
Enquanto isso, os preços da Petrobras subiram bem acima do preço do barril de petróleo: para a gasolina o aumento é de 31,39% neste ano e do diesel, 67,95% de janeiro a junho.
Se considerado apenas o dólar, houve queda em relação ao real, portanto, a Petrobras está pagando menos no barril em real do que em janeiro. Isso explica porque a variação em real do preço do barril é 17,04% e em dólar, 28,22%.
Se o Brasil adotasse mesmo uma economia liberal, a Petrobras deveria desvincular a comercialização de combustíveis das refinarias da estatal das empresas privadas, e cada uma praticar o preço que julgasse justo.
E o governo deveria pagar para ver se realmente esses importadores deixariam de importar e causar desabastecimento.
O que ninguém nunca menciona é o CUSTO real de produção dos combustíveis pela Petrobrás. Daí se definiria uma margem de lucro coerente. Acredito que o lucro da petroleira brasileira seja mais de 200%.
E a Petrobras deveria investir parte dos lucros em refinarias para fazer do Brasil um país autossuficiente além da produção também do refino e criar um findo soberano.