Do ATUAL
MANAUS – A tecnologia médica possibilita tratar doenças ainda na gestação. Um dos recursos é o ultrassom morfológico para análise do feto no primeiro trimestre da gravidez. O exame não exige preparo específico da mulher, mas precisa ser feito entre os 3 primeiros meses.
“A ultrassonografia é imprescindível no acompanhamento de uma gravidez e possibilita que possamos identificar e tratar, em alguns casos, doenças que possam surgir. O ultrassom normal vai medir o bebê e ver as alterações mais grosseiras. O ultrassom morfológico é um ultrassom mais detalhado, que avalia o bebê, calcula risco de síndromes e calcula o risco de a mãe ter pré-eclâmpsia, que é a hipertensão arterial específica da gravidez”, explica a médica Marianna Brock, especialista em medicina fetal.
Marianna Brock alerta para as doenças mais comuns no início da gestação. “Uma das doenças mais comuns nessa fase é a anencefalia, que resulta de algumas alterações no sistema nervoso. Há também a possibilidade de algumas alterações de membros, como nas displasias esqueléticas. Alterações no coração também podem acontecer. O mais importante é que, basicamente, em todos os órgãos, há alterações que possam ser identificadas nessa época da gestação”.
A médica também orienta que o exame morfológico possibilita o rastreio para síndromes pela medida da translucência nucal, exame que avalia a quantidade de líquido na nuca do feto no final do primeiro trimestre da gravidez, além da avaliação do osso do nariz e de um vaso chamado ducto venoso, que avalia função cardíaca. Também é possível o rastreio de pré-eclâmpsia pelo Doppler de artérias uterinas”.
“Ainda na barriga da mãe, algumas doenças podem ser tratadas através de cirurgia intrauterina após o diagnóstico como mielomeningocele, que é a forma mais grave de espinha bífida, uma malformação da coluna vertebral ou da medula espinhal. Algumas complicações da gestação gemelar, má formação da hérnia diafragma e válvula de uretra posterior também podem ser tratadas por cirurgia fetal”, acrescenta.
Pré-natal
O pré-natal é essencial, pois assegura o desenvolvimento saudável da gestação para um parto com menores riscos para a mãe e para o bebê. “Importante assim que a gestante descubra a gravidez, inicie o pré-natal. Realizar não só ultrassonografia, mas todos os exames necessários no pré-natal. Fazer acompanhamento adequado com obstetra”, orientou Brock.
Marianna Brock alerta para os riscos do não acompanhamento adequado na fase inicial da gravidez. “A mulher perde a oportunidade de rastrear doenças maternas como a pré-eclâmpsia e iniciar tratamento para prevenir a doença. Perde a oportunidade de diagnosticar patologias incompatíveis com a vida, malformações fetais, e perde a oportunidade de tratamento quando há possibilidade. Não há uma receita para evitar a gestação de risco, mas uma vida saudável certamente ajuda a prevenir”.
A OMS registra que 300 mil crianças morrem, em todo mundo, nas primeiras quatro semanas de vida em decorrência da presença de anomalias congênitas.