SÃO PAULO – O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco que aconteceu na semana passada fez com que os brasileiros debatessem o significado dos direitos que ela lutava, gerando muitas discussões na internet. Se por um lado, haviam aqueles que lamentavam a morte prematura de uma política ativa na defesa dos direitos dos negros, homossexuais e moradores das comunidades carentes, de outros haviam insinuações de que como defensora dos direitos humanos ela “defendia bandidos” e que isso poderia ter uma relação com seu assassinato.
Mas você já parou para pensar sobre o que são na verdade os “direitos humanos”. Defender os direitos humanos é defender bandidos? E há razões para o conceito ser comumente relacionado a determinados grupos políticos? Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos, como, simplesmente, o direito à vida. Mas estão incluídos neles também o direito à moradia, à saúde, à liberdade e à educação.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2016, apontou que 57% da população de grandes cidades brasileiras concorda com a frase “bandido bom é bandido morto”. Na prática, a afirmação é uma violação aos direitos humanos. Significa que mais da metade da população de grandes cidades defende a justiça feita pelas próprias mãos, atropelando o devido processo penal do Estado democrático de direito e defendendo o fim da vida de alguém, ou seja, violando o princípio mais básico dos direitos humanos: o direito à vida.
Zylbersztajn lembra que “uma pessoa que comete crime tem direito à defesa, ao devido processo legal, e que cumpra pena à qual ela foi julgada”.
“Os direitos humanos não vão garantir impunidade, vão garantir que a pessoa tenha defesa, tenha um processo justo. Isso é difícil de entender, às vezes”, diz, citando os sentimentos de “vingança”, de “não querer que criminosos tenham direitos protegidos”.
É certeza que as pessoas não se interessam em conhecer o assunto antes de criticá-lo de forma imatura, irresponsável e sem embasamento algum. Pior que isso é achar que pode posicionar-se em um dos grupos políticos, defendendo coisas absurdas e atacando aquilo que deveria ser respeitado e defendido pela nação.