Por Vívian Oliveira, da Redação
MANAUS – “No Brasil de hoje, político é igual feijão. Amolece, mas só na pressão”, diz o sociólogo Carlos Santiago, advogado e coordenador do Comitê de Combate à Corrupção da OAB-AM (Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas), ao lançar a “Carta de Compromisso com a ética e pela boa governança”, nesta quinta-feira (4).
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Segundo Santiago, a sociedade tem participação fundamental nas eleições ao questionar os candidatos e de votar conscientemente. “Nós, enquanto entidade, estamos fazendo nossa parte. O Ministério Público e a Justiça Eleitoral precisam sair do conforto de seus gabinetes e buscarem promover uma eleição limpa e transparente, que vá ao encontro de interesses da sociedade”.
O documento, segundo Santigo, é uma forma de pressionar os candidatos a se comprometerem publicamente com a boa governança e a combater desvios públicos.
A carta propõe 19 compromissos, mas as cobranças são genéricas. Para vice-presidente da Comissão de Combate à Corrupção OAB-AM, Elcilene Rocha, as sugestões são diretas e implicam em assumir compromisso com questões de interesse público. “Quanto a impedimento de desvios públicos, o próprio governante, dentro do processo legislativo, já está proibido”, disse.
Para o arcebispo Leonardo Steiner, da Arquidiocese de Manaus, a boa moral e a ética na política não são utopia. O líder religioso pontua que ainda consegue encontrar políticos honestos e interessados no bem comum no Brasil.
“Já estive no Congresso Nacional muitas vezes e são pessoas que sabem o que significa política e sabem da sua importância para a sociedade. Eles se deixam conduzir pelo valores éticos e valores morais. Então, eu acredito que nem tudo está perdido na política”, disse.
Para Steiner, diante da situação atual do país, há a necessidade de participar mais intensamente do debate político com opiniões, discussões e propostas. “A questão da política deve ser revalorizada, refundamentada para que se encontre de novo a sua fonte, com valores éticos, morais e necessários para representarem o povo brasileiro. Pois, no momento, o que vemos são alguns que representam grupos ou a si mesmos”.