Do ATUAL
MANAUS – Uma bebê de apenas 20 dias de vida foi resgatada nesta terça-feira (20) em Manaus por policiais civis na Operação Salvaguarda. A criança estava com duas irmãs, de 22 e 24 anos, que foram presas suspeitas de tráfico humano. A polícia cumpriu cinco mandados, sendo dois de prisão temporária e três de busca e apreensão.
A delegada Juliana Tuma, da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente, disse que a mãe premeditou a entrega da filha recém-nascida para o tráfico.
“Essa mãe entrou na maternidade dando o nome falso e apresentou documentos falsos […] essa mãe chegou na família apresentando a informação de que essa bebê havia falecido, apresentando, inclusive, não só fisicamente, mas em formato digital, esse atestado de óbito falso”, disse a Juliana Tuma, em entrevista coletiva.
Conforme a delegada, o maior indício de que se trata de tráfico de pessoas é o fato da criança não ter sido registrada em nenhum cartório, mesmo já tendo quase um mês de nascida.
“Tudo premeditado. A própria mãe biológica nos admitiu que foi trocada a foto de uma carteira de identidade e ela apresentou na maternidade. Premeditadamente, ela saiu com mais de 48 horas, que é o normal da maternidade, para que saísse no sábado, dia em que o cartório não funciona na maternidade, para que não fosse necessário registrar [o bebê]”, relatou Tuma.
“Nós enxergamos essa situação como tráfico de pessoas, de falsificação de documento público, de falsidade ideológica. Essa não é a configuração de adoção ilegal, essa é uma configuração perfeitamente encaixada e amoldada no tráfico de pessoas”, afirma a delegada.
Em acesso a mensagens trocadas entre a mãe do bebê e a intermediadora, que não teve o nome divulgado, a delegada conta que a mãe se arrependeu e pediu a criança de volta, mas foi ameaçada, pois tinha uma dívida com o grupo por drogas.
“A mãe chegou a solicitar de volta o bebê, disse que seria paga de outra forma [a dívida]. Essa genitora teria uma dívida com o tráfico […] e ela disse que pagaria para tentar pegar o bebê de volta, mas ela estava sob ameaça: ‘olha, não vai morrer só tu, vai morrer tua mãe, tua família, todo mundo’”, disse a delegada sobre as ameaças que mãe recebia da “intermediadora”.
A polícia começou a investigar o caso há cerca de 10 dias após de denúncia de familiares sobre. A Depca continuará as investigações para apurar a participação de outras pessoas no esquema criminosa.