Da Redação
MANAUS – O senador Omar Aziz (PSD) é investigado pela Polícia Federal e MPF (Ministério Público Federal) por suspeita de receber dinheiro através de contratos simulados ou superfaturados do Estado quando era governador do Amazonas, informou o delegado da Polícia Federal Alexandre Teixeira, na manhã desta sexta-feira, 19. A mulher de Omar Aziz, Nejmi Aziz, e os irmãos dele, Murad, Mansour e Amin Aziz, foram presos temporariamente nesta sexta-feira na Operação Vertex, quinta fase da Operação Maus Caminhos, por suspeita de receberam dinheiro desviado pelo esquema.
Teixeira disse que o senador não foi preso, mas a Justiça Federal o proibiu de manter contato com outros investigados e de sair do país. Nejmi ficará no CDPF (Centro de Detenção Provisória Feminino) e os três irmãos de Omar serão transferidos para o CDPM II (Centro de Detenção Provisória Masculino).
De acordo com o delegado, o cargo de governador de Omar Aziz à época dos fatos foi “primordial” para que houvesse o “direcionamento desses contratos de gestão para o Instituto Novos Caminhos, a fim de beneficiar esse instituto em torno do qual detectou-se a formação de uma organização criminosa que tinha por objetivo o desvio de recurso público”. As vantagens indevidas, segundo o delegado, eram pagas pelo médico Mouhamad Moustafá, que é considerado proprietário oculto do INC.
“Ele (Omar Aziz) poderia evitar que os recursos fossem desviados. No entanto, o papel dele, seja por omissão ou mesmo ação, permitiu e possibilitou a prática desses ilícitos que, pela hipótese criminal, pelos indícios que nós temos e algumas provas, indicam que parte desses recursos que foram desviados acabaram voltando para as pessoas que se encontravam, topograficamente, na parte mais alta do poder”, afirmou o delegado.
De acordo com a Polícia Federal, os desvios de dinheiro público que favoreciam o senador Omar Aziz ocorriam através de superfaturamentos de contratos e da não prestação de serviços contratados e pagos pelo Estado. Em um desses serviços, o Estado pagou pelo aluguel de um imóvel de propriedade de Amin Aziz, irmão do senador, localizado no bairro chapada, mas o local “não era efetivamente usado”. Na manhã desta sexta-feira, a PF também apreendeu um veículo no Shopping Parque 10 Mall.
“Detectou-se contratos de aluguel de imóvel que seriam simulados com ou sem a efetiva utilização do imóvel ou com o pagamento superfaturado por aquele aluguel, uma forma de ocultar essa entrega de dinheiro por meio de um contrato, na verdade, dissimulado de que havia uma contraprestação àquele dinheiro recebido”, afirmou Alexandre Teixeira.
O procurador Armando Castro afirmou que a PF e o MPF encontraram provas que indicam que Nejmi, que é tratada como ex-mulher de Omar, e os irmãos Murad, Mansour e Amin Aziz atuavam como “laranjas” de Omar para simular a origem do dinheiro desviado. “Há indícios de que essas pessoas atuavam como interpostas pessoas no recebimento de vantagens por meio de empresas e do seu próprio patrimônio”, afirmou o procurador.
Segundo o delegado Alexandre Teixeira, o envolvimento de Omar Aziz foi detectado desde a primeira deflagração da Operação Maus Caminhos, mas o senador tem foro privilegiado e, por isso, as investigações foram encaminhadas para o STF (Supremo Tribunal Federal). No entanto, em razão do entendimento do STF de que foro privilegiado se aplica apenas a crimes cometidos no exercício do cargo, os autos foram devolvidos para a Justiça Federal do Amazonas em janeiro deste ano.
A PF cumpriu 9 mandados de prisão temporária, 15 mandados de busca e apreensão, 18 mandados de bloqueios de contas que alcançam R$ 92,5 milhões e 7 mandados de sequestro de bens móveis e imóveis.
O que diz Omar Aziz
Em nota, o senador Omar Aziz afirmou que ainda não teve acesso aos autos desse processo e que aguarda o advogado dele ter acesso para poder se manifestar.
(Colaborou Patrick Motta)