EDITORIAL
MANAUS – A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (30) um “programa social” ainda em formatação para socorrer famílias de baixa renda que não conseguem mais comprar o gás de cozinha, vendido em Manaus a R$ 107,00 o botijão de 13 quilos.
Para o programa, a estatal anuncia que destinará R$ 300 milhões. Parece muito, mas não é. Nos primeiros seis meses deste ano, a Petrobras distribuiu para seus acionistas R$ 31,6 bilhões em dividendos, a parte do lucro líquido que é repartido para os sócios da empresa e para quem compra suas ações.
Os R$ 300 milhões anunciados para socorrer as famílias em situação de vulnerabilidade social representam apenas 0,95% do valor distribuído aos acionistas em agosto passado. Portanto, uma migalha que não chega a ser sentida pelos sócios.
A retirada de R$ 300 milhões de um montante de R$ 31,6 bilhões é como um trabalhador assalariado tirar do bolso R$ 10,45; não paga um almoço.
Para a estatal, que no segundo trimestre deste ano faturou R$ 5,9 bilhões com a venda do gás de cozinha, o dinheiro para o programa de socorro aos pobres deste Brasil rico também não faz muita falta. Representa apenas 5% do valor total arrecadado com a venda do gás. Em junho deste ano, último reajuste no preço do gás, a Petrobras elevou o valor do produto em 5,9%.
E o que dá para comprar com R$ 300 milhões? Quase nada. Apenas 3 milhões de botijões de 13 quilos, a R$ 100 a botija. Daria para comprar uma botija para cada família atendida pelo Bolsa Família (agora chamado de Renda Brasil) a cada cinco meses.
O Renda Brasil tem cerca de 15 milhões de famílias cadastradas. O programa, no entanto, não cobre todas as famílias que tiveram sua renda afetada pela pandemia de Covid-19 ou que tiveram os salários corroídos pela inflação, que não para de subir, assim como os preços dos combustíveis da Petrobras.
No fim das contas, quem continuará pagando caro para ter acesso ao gás e garantir que a população em situação de vulnerabilidade também tenha acesso ao produto, é o consumidor de renda média.
A Petrobras deveria abandonar a política de distribuição de migalhas e rever sua política de preços atrelada ao valor do petróleo no mercado internacional e ao dólar. Assim, poderia tornar o valor de seus produtos mais acessível a todos.
Essa seria a melhor política que empresa poderia praticar em benefício de toda a população brasileira.
Verdade!! Isso são apenas migalhas. O problema é muito maior, pois, até as pessoas com renda de 2 salários mínimos estão sofrendo. A Energia Elétrica em 2019 era de R$ 4,00 por 100 kWh e agora é de R$ 14,20 pelo consumo de 100 kWh (façam uma reportagem sobre isso, Por favor!), o valor do combustível diesel em 2019 era R$ 3,210/litro e agora é R$ 4,831 (18% de aumento só em 2021) … Tudo ficando extremamente caro e o salário tendo aumento de apenas 6%. Como vamos fazer??