Por Valmir Lima e Cleber Oliveira, da Redação
MANAUS – Com valores que variam de R$ 180 mil (supereconômico) a acima de R$ 2 milhões (superluxo), o mercado imobiliário de Manaus atrai mais os compradores econômicos que preferem adquirir apartamentos no valor de R$ 250 mil. No último trimestre deste ano, foram vendidos 479 imóveis, sendo 394 apartamentos. Desses, 56% foram na faixa dos R$ 250 mil, segundo dados do Censo do Mercado Imobiliário 2016, divulgado na manhã desta quinta-feira, em Manaus, pelo Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas).
A quantidade de unidades vendidas foi considerada tímida, mas representa uma recuperação do setor em Manaus mais cedo que nas demais capitais. “A crise em Manaus chegou em 2013. É uma cidade basicamente industrial e a indústria foi o primeiro segmento atingido pela recessão econômica. Então, o mercado se desaqueceu aqui em 2013, mas ao mesmo tempo isso demonstrou uma oportunidade porque ele está reaquecendo antes, avalia o economista Fábio Araújo, da Brain Inteligência de Mercado e Pesquisa Estratégica, que realizou o estudo.
Mesmo com a crise e ampla oferta de imóveis, as vendas em Manaus foram acima da média nacional, segundo Censo Imobiliário. “É tímida porque naturalmente, devido ao tamanho da crise, muitos empresários estão receosos de colocar novos produtos no mercado, mas tem mercado. Em Manaus falta vender apenas 13,5% de todos os imóveis que foram lançados desde 2010. A média no Brasil é 22%”, disse Araújo. Conforme o economista, vai levar pelo menos um ano para terminar de vender os imóveis disponíveis. “São 4,3 mil apartamentos, mil salas comerciais e 850 casas e terrenos em condomínios fechados”, revelou.
Araújo cita dois momentos do segmento. “Se considerarmos de janeiro a abril e de maio a setembro, houve uma mudança radical. De janeiro a abril, as demissões, de forma geral, aumentaram em 45%. Foram quase 14 mil demissões. De maio a setembro, foram apenas 500, na média. O fundo do poço em Manaus foi atingido entre abril e maio e a partir de então começou-se uma recuperação”, disse, ao citar que na construção civil as dispensas representam apenas 6% no Amazonas.
“É muito provável que comecemos 2017 muito melhor do que começamos 2016. Isso vai se refletir em todo o segmento econômico, inclusive no mercado imobiliário. Qual o primeiro indicador que a gente percebe uma melhora? No aumento da concessão de novos alvarás. Em 2014 foi menor que 2013 e 2015 foi menor que 2014. De janeiro a setembro deste ano foi maior que no mesmo período do ano passado. Isso é muito bom”, analisou. Este ano, houve apenas dois lançamentos de condomínios residenciais na capital.
Emprego e renda
Os empresários da construção civil apostam no reaquecimento do setor com base na retomada do emprego formal. Conforme o Sinduscon-AM, de abril a outubro o emprego com carteira assinada cresceu 39%. Trabalhadores com renda garantida representam potenciais compradores de imóveis, vendidos em sua maioria por financiamento de médio e longo prazo.
“Esse censo é um grande instrumento para o mercado imobiliário. Classificamos nove tipos de empreendimentos, desde o supereconômico até o luxo e o standard. É um instrumento tanto para os empreendedores lançarem seus empreendimentos no futuro com mais segurança e avaliação do local, inclusive, para saber se é o mais adequado para o negócio, quanto a questão de tipologia. Ou seja, se é melhor investir apartamentos de baixo valor, médio ou alto valor. Para o cliente, é importante para saber onde há disponibilidade e o tipo de imóvel à venda”, disse Frank do Carmo Souza, presidente do Sinduscon-AM.
Os tipos de apartamentos oferecidos pelas empresas estão classificados em: super econômico (até R$ 180mil); econômico (até R$ 250 mil); standard (até R$ 400 mil); médio (até R$ 700 mil); alto (até R$ 1 mi); luxo (até R$ 2 mi) e superluxo (acima de R$ 2 mil).
O censo identificou que 40,9% da população manauara possui idade média entre 25 e 49 anos, que compõe a principal faixa de aquisição de imóveis residenciais na cidade. Também constatou um crescimento anual domiciliar de 4,12%, o que significa pelo menos 164 mil novos domicílios na cidade de Manaus até 2021, considerando que, até o último ano já existiam mais de 600 mil domicílios permanentes ocupados por famílias em Manaus.