Da Redação
MANAUS – Um dia após mudanças no comando dos serviços de perícia no Estado, os peritos do Amazonas promoverão na nesta sexta-feira, 12, uma paralisação de 24 horas em protesto pelo quinto ano sem reajuste salarial da categoria e pelos 30 anos sem investimentos em infraestrutura e condições de trabalho na Perícia Criminal do Estado. A mobilização é a primeira de uma série de ações programadas pelo Sinpoeam (Sindicato dos Peritos Oficiais do Amazonas) com a intenção de denunciar o que considera descaso do governo com a categoria e com a estrutura pericial do Estado. Nessa terça-feira, o secretário de Segurança e vice-governador do Estado, Bosco Saraiva, trocou os chefes dos institutos de perícia. A justificativa foi ineficiência nos serviços, segundo alegou Saraiva. Os diretores substituídos afirmaram que entregaram os cargos.
A mobilização está agendada para começar às 8h e encerrar na manhã de sábado, 13. De acordo com a presidente do Sinpoeam, Viviany Pinto, os peritos irão aos locais de trabalho, mas não realizarão atividades. “A ideia é fazer uma paralisação de ocupação. Na assembleia iremos deliberar sobre as estratégias para a greve geral da categoria que pretendemos fazer mais à frente”, disse.
Viviany disse que os peritos atingiram um nível “insustentável de insatisfação” após terem suas demandas salariais deixadas de lado por mais um ano em 2017. Ela lembra que a categoria de perito oficial é a única que ficou de fora do escalonamento da Policia Civil, cuja última parcela será paga em 2018, e há cinco anos não recebe qualquer reajuste salarial. Além disso, os peritos acumulam perdas em consequência da inflação e da suspensão temporária de alguns benefícios.
“Nós temos um corpo técnico altamente especializado, e recebemos um dos piores salários de peritos do país. Isso apenas mostra que o Governo não prioriza a Perícia Criminal do Amazonas, e, consequentemente, não está realmente preocupado com a Segurança Pública do Estado. Parte dos Peritos que entraram no último concurso, já desistiram por falta de perspectiva. Não vamos mais tolerar esse tipo de descaso e desvalorização dos nossos profissionais” diz a presidente.
O salário médio de perito criminal no Estado é de R$ 7 mil. Alguns profissionais com curso de especialização ganham mais R$ 2 mil de gratificação elevando o vencimento para R$ 9 mil mensais. Os valores obedecem à tabela conforme a classe assim divididos: Perito de IV Classe: R$ 8.145,20, Investigador de IV Classe: R$ 9.006,38, Escrivão de IV Classe: R$ 9.006,38 e Delegado IV Classe: R$ 20.297,31.
Estrutura e gargalo
Outro tema na pauta do Sinpoam é a falta de condições para a realização do trabalho pericial. Viviany diz que os prédios dos três institutos que compõem a estrutura de perícia no Estado não são adequados para comportar a complexidade das atividades realizadas neles. Algumas irregularidades colocam em risco não apenas a objetividade na elaboração dos laudos, mas também a saúde dos profissionais que trabalham neles.
Viviany Pinto lembra que a precariedade dessas estruturas, inclusive, foi constatada pelo próprio Estado. Vários relatórios foram apresentados pelo governo apontando irregularidades nos prédios dos institutos. “A questão é tão complexa que, na última terça-feira, o chefe do Departamento de Perícia Técnico-Científica e os diretores dos Institutos pediram exoneração do cargo, e escreveram uma carta denunciando todos os desmandos, a falta de recursos e de autonomia que a gente sofre hoje”, lembra.
Há um ano, os peritos haviam paralisado as atividades pelos mesmos motivos. Na época, a segurança pública do Estado passava por uma de suas maiores crises, após as rebeliões nos sistema prisional do Estado que resultaram na morte de 60 presidiários.
A tabela tem os valores salariais da Polícia Civil do Amazonas após o escalonamento. A última parcela será paga este mês. Os peritos ficaram de fora.