Por Teófilo Benarrós de Mesquita, do ATUAL
MANAUS – Um pedido para votação de projetos de lei antes do espaço dedicado a pronunciamento dos vereadores expôs a divisão de grupos na sessão desta segunda-feira (27) na CMM (Câmara Municipal de Manaus). O antigo líder do prefeito, Marcelo Serafim (PSB), foi contra e deu início a debate sobre o tema. Os vereadores da bancada de apoio ao prefeito David Almeida rebateram.
O pedido para inversão na ordem dos trabalhos foi feito pelo atual líder do Executivo, Fransuá Matos (PV), e submetido à votação. Antes, Marcelo Serafim questionou a prática: “Qual é a razão para inverter a pauta? Eu sou contrário. Não tem porquê. É o líder do prefeito que está pedindo inversão de pauta? Eu vou me posicionar contrário”.
Integrantes da bancada governista reagiram. Wallace Oliveira (Pros) disse não enxergar prejuízo com o pedido e revelou surpresa com o posicionamento do ex-líder. “Nós fizemos isso em vários momentos e o pequeno expediente sempre foi preservado”, disse Wallace, que por diversas ocasiões presidiu as sessões em 2021 e 2022 na condição de primeiro vice-presidente.
Os pronunciamentos seguintes deixaram mais visível o racha dentro da CMM, que ocorreu no final do ano passado, antes da eleição para escolha da nova presidência da Mesa Diretora. A divisão começou quando surgiu a ideia de aprovar a reeleição do ex-presidente David Reis (Avante) sem amparo regimental. As articulações levaram o então líder Marcelo Serafim a entregar o cargo.
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Ewerton Assis (União Brasil), do grupo dissidente, também foi contrário à proposta de Fransuá e disse que se aprovada a inversão poderia causar esvaziamento na reunião. “Que todos os colegas possam permanecer em plenário para que a gente faça o pequeno expediente. Porque hoje o maior prejuízo e esse: inverte a pauta e depois não fica ninguém no plenário. Aí é complicado”.
Na condição de ex-více-líder do prefeito, Ewerton Assis usou o expediente de solicitação de ‘inversão de pauta’ em sessões no biênio 2021/2022.
A réplica veio de outro governista, Samuel Monteiro (PL), também em tom de crítica à manobra do grupo dissidente. “Nós tivemos no decorrer de todos esses anos momentos como esse, de inversão de pauta. Processo natural. Não vejo prejuízo nenhum. A pauta é longa, extensa e precisamos dar andamento nos projetos dos colegas vereadores e por isso sou favorável à inversão”.
Ouvidor da casa, o vereador Carpegiane Andrade (Republicanos) disse ser “desnecessária a inversão da pauta”. “Infelizmente, a exceção tem se tornado regra. Normalmente, quando se inverte, a gente observa que se esvazia o parlamento”, disse Carpegiane.
O governista Raul Teixeira (PSDB) foi outro que estranhou a posição contrária de parte dos vereadores à proposta do líder. “É um rito natural, pedido por várias pelo vereador Marcelo Serafim em várias ocasiões nesta casa quando era o líder do prefeito, e sempre atendido”.
No final do debate, a proposta do líder foi aprovada, com seis votos contrários: Marcelo, Ewerton, Carpegiane, William Alemão (Cidadania), Rodrigo Guedes (Republicanos) e Lissandro Breval (Avante).