VATICANO e CARACAS – O papa Francisco acompanha com atenção a situação na Venezuela e escreveu ao chefe de Estado, Nicolas Maduro, disse hoje, 2, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. Ele não divulgou o conteúdo da carta, mas afirmou que o papa escreveu sobre a situação do país.
A Venezuela é, há algum tempo, uma das preocupações do Vaticano e do papa, que já se referiu ao país, em várias ocasiões. Lombardi lembrou que em uma de suas últimas intervenções, no domingo de Páscoa, antes da benção Urbi et Orbi, Francisco apelou ao diálogo na Venezuela diante “das difíceis condições em que vive a população”.
Francisco pediu a quem “tem nas mãos o destino do país” para “trabalhar em favor do bem comum, procurando espaços de diálogo e de colaboração entre todos”.
O papa defendeu a “cultura do encontro, a justiça e o respeito recíproco” para “garantir o bem-estar espiritual e material” dos venezuelanos.
O Vaticano, que desempenhou papel fundamental no restabelecimento das relações entre os governos dos Estados Unidos e de Cuba, também quer contribuir para a paz na Venezuela, como afirmou em abril o núncio no país, monsenhor Aldo Giordano.
“Estou aqui para comunicar ao país o afeto, a proximidade do papa Francisco, o papa é um protagonista da paz no mundo e estamos aqui para colaborar para a paz no nosso país. A Nunciatura está aqui para contribuir para o bem do povo da Venezuela”, disse ainda Giordano, em comunicado.
Maduro
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu ontem,1º, que os trabalhadores se declarem em rebelião e iniciem uma greve geral por tempo indeterminado se a oposição chegar ao palácio presidencial de Miraflores.
“Se a oligarquia, algum dia, disser algo contra mim e conseguir tomar este palácio, por uma via ou por outra, ordeno-vos – homens da classe operária – a se declararem em rebelião, a fazer uma greve geral indefinida, até conseguir a vitória”, disse.
Nicolás Maduro discursou em Caracas, próximo ao Palácio de Miraflores, no fim de uma marcha de venezuelanos simpáticos à revolução bolivariana que assinalou o Dia do Trabalhador.
“Juro, pelo futuro da pátria venezuelana, que não darei descanso aos meus braços, nem repouso à minha alma, até que faça a revolução bolivariana vencer os novos desafios. Juro pela máxima união da classe operária. Juro conseguir a máxima união cívico-militar. Juro que, se o imperialismo arremeter contra o povo, irei à rebelião popular. Juro pela pátria, por Chávez”, declarou, referindo-se ao falecido líder socialista Hugo Chávez, presidente da Venezuela entre 1999 e 2013.
O presidente venezuelano também acusou a imprensa de fazer campanhas “sujas” contra a revolução e os Estados Unidos de perseguir seu governo.
Maduro advertiu ainda os empresários que, se paralisarem o funcionamento da indústria, “serão castigados”, afirmando que a classe operária “tomará” as empresas que o fizerem.
Assinaturas
Sobre a coleta de assinaturas iniciada pela oposição para revogar seu mandato, o governante explicou que “o referendo é uma opção, não uma obrigação”. Maduro insistiu que verificará, uma a uma, todas as assinaturas dos eleitores que solicitaram essa iniciativa.
A oposição confirmou hoje ter recolhido mais de 2,5 milhões de assinaturas para solicitar a realização de um referendo revogatório do mandado do presidente.
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral, para iniciar a convocatória a oposição deveria recolher as assinaturas de 1% dos inscritos no registo eleitoral de todo o país, distribuídos por entidade federal, para um total de 197.798 eleitores.
(Da Agência Brasil)