Por Phillippe Watanabe, da Folhapress
SÃO PAULO-SP – Para evitar um aumento ainda maior da temperatura média global e cumprir seus compromissos climáticos, os países precisam fazer quatro vezes mais esforços e em menos tempo do que o imaginado anteriormente, segundo análise publicada nesta quarta, 4, na revista Nature.
A necessidade de ações mais drásticas se dá em parte por conta do aumento de emissões ao invés da redução planejada nos últimos anos. Em 2010, planejava-se conter o aumento médio da temperatura global em até 2ºC. A partir do Acordo de Paris, em 2015, passou a se ambicionar não ultrapassar os 2ºC e, preferencialmente, ficando no 1,5ºC de crescimento até o fim do século.
Os autores do artigo afirmam que, levando isso em conta, em 2010 considerava-se necessária uma diminuição anual de emissões, até 2040, de 2%. O cenário atual mostra que isso não é mais suficiente e que o mundo precisa diminuir suas emissões em 7% ao ano para conseguir controlar o aumento de temperatura até o fim do século.
A necessidade de cortar agora para que não haja aumento no futuro um pouco mais distante ocorre porque as emissões continuam a ter efeito a longo prazo. Ou seja, mesmo que se interrompa totalmente agora a emissão de gases-estufa, o planeta continuará aquecendo.
Para chegar a essa conclusão, os autores utilizaram o relatório Emissions Gap produzido pelo braço ambiental da ONU e que coloca na balança os compromissos e as ações reais que os países tomaram em relação às suas emissões. “Os países não estão fazendo aquilo que deveriam”, diz Roberto Schaeffer, de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ e um dos autores do artigo.
O Brasil, inclusive, é um dos exemplos negativos. Mesmo em crise econômica, suas emissões cresceram. E o grande responsável por isso é o desmatamento, que, em 2019, bateu o recorde da última década.