Da Redação
MANAUS – Começou nesta terça-feira, 7, as matrículas para 240 vagas nos 7º, 8º e 9º períodos do ensino fundamental na Escola Estadual Tiradentes, na zona centro-sul de Manaus. Alunos das demais séries serão distribuídos entre 14 colégios em seis bairros da capital. Pais de estudantes e professores não aceitam a mudança e pressionam a Seduc (Secretaria de Estado de Educação) a manter a unidade com os alunos regulares. Na manhã desta terça-feira um grupo protestou em frente ao TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas), que julgará recurso apresentado pelo MP-AM Ministério Público do Amazonas) contra a mudança. O estabelecimento vai abrigar subunidade do Colégio da Polícia Militar do Amazonas.
O MP aguarda o julgamento do Agravo de Instrumento n° 4006807-19.2019.8.04.0000, que pede a manutenção da escola nos mesmos moldes dos anos anteriores. Nesta terça-feira, 7, o processo, que seria relatado pelo desembargador Délcio Santos, o mesmo que negou o recurso no plantão judicial, sofreu movimentação e ganhou um novo relator, o desembargador Wellington José de Araújo.
A presidente da Asprom, um dos sindicatos dos professores, Elma Sampaio, disse que a comunidade tem propostas de solução, mas não está sendo escutada. “A comunidade tem propostas para solucionar o problema, mas ninguém quer ouvir essa comunidade. Ela quer dialogar, quer participar. A vida dela (da comunidade) vai mudar totalmente porque são pessoas de baixa renda que não têm dinheiro para se locomover das suas casas. Nós vamos voltar ao MPE para saber qual a situação do processo e novamente renovar o pedido para que a Escola Tiradentes permaneça”, afirmou.
Lilian Alves, 37, mãe de aluno, disse que não sabe sobre a realocação de sua filha. Ela disse que não tem condições de fazer locomoção para a filha estudar longe de casa. “É uma injustiça o que estão fazendo com os nossos filhos, para onde eles vão? Nós viemos até o Tribunal de Justiça, pois não aceitamos isso. Eles não podem mexer na Escola Tiradentes, que é uma escola que atende pessoas de baixa renda, que não tem condições para ir em outras escolas”, afirmou.
Os professores também alegam não terem conhecimento sobre seus locais de trabalho neste ano. São 110 professores que lecionam na escola e deverão ser transferidos. Professora há cinco anos no estabelecimento, Priscila Jovino, 34, diz não saber onde vai lecionar. “Eles reuniram com os professores do turno noturno e disseram que vamos para a Escola Major, mas no sistema essa escola não aparece. Continua aparecendo a Escola Tiradentes. Os professores dos outros turnos também não sabem o que vai acontecer. Estamos sem saber para aonde ir”, disse.
Conforme a Seduc, os estudantes do ensino médio no turno noturno serão transferidos, preferencialmente, para a Escola Estadual Major Silva Coutinho, a 900 metros da Tiradentes, na rua Coronel Ferreira de Araújo, também no bairro no Petrópolis. No total, 150 alunos ocuparão as salas que antes estavam com baixa demanda.
Os estudantes que não quiserem ficar na unidade, segundo a Secretaria, poderão optar por escolas dos bairros Petrópolis, Cachoeirinha, São Francisco, Japiim, Betânia e Crespo, que dispõem de 1.825 vagas no Ensino Fundamental 2
A Secretaria de Educação informou que os professores estão sendo ouvidos e podem indicar a instituição de ensino em que desejam lecionar. Também informa que não foi possível outra decisão mais ‘adequada’, pois não existe imóvel na região para atender à demanda e que “não era interessante para a Secretaria manter um novo aluguel havendo vagas e salas de aulas disponíveis na área”. Segundo a Seduc, houve uma reunião com a comunidade escolar no dia 23 de dezembro quando foram explicadas as possibilidades e ajuste no ensino.
Confira abaixo o calendário de atendimento aos pais e/ou responsáveis dos alunos regularmente matriculados na Escola Estadual Tiradentes:
• Terça (07/01): pais de alunos dos 6º e 7º anos e Avançar
• Quarta (08/01): pais de alunos dos 8º e 9º anos e Avançar
• Quinta (09/01): pais de alunos do Ensino Médio• Sexta (10/01): todos os pais e/ou responsáveis que não puderam comparecer nas datas anteriores
(Colaborou Iolanda Ventura)