Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Pais de alunos e professores da Escola Estadual Tiradentes, no bairro Petrópolis, zona centro-sul de Manaus, entregaram abaixo-assinado com 3 mil assinaturas ao MP-AM (Ministério Público do Amazonas), na manhã desta quinta-feira, 26, no qual pedem que docentes e estudantes não sejam removidos do local para que funcione um colégio da Polícia Militar. O documento é assinado também por funcionários do colégio, moradores e associados do Asprom Sindical (Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus).
O grupo solicita a permanência da Escola Tiradentes no endereço atual, que os 110 professores não sejam removidos para outras instituições de ensino e que os 1,8 mil alunos não sejam transferidos para a Escola Antenor Sarmento, no bairro Cachoeirinha, para abrigar o CMPM I (Colégio Militar da Polícia Militar) Subunidade Cachoeirinha.
Até então, o CMPM I funciona em prédio alugado na Cachoeirinha, mas este será devolvido ao proprietário. Em decisão da Seduc (Secretaria de Educação do Amazonas), ficou definido que a Escola Tiradentes deve ser a nova localização do anexo do Colégio Militar da Polícia Militar de Petrópolis, localizado na Avenida Codajás.
A professora Mara Nicácio afirma que recebeu a notificação da mudança no último dia 19 deste mês em uma reunião com o gestor da instituição, e que embora não haja até o momento uma notificação oficial da Seduc já foram orientados a pedir a transferência.
“Já pedimos um documento da Seduc e não temos ainda essa resposta. Mas já está claro que não ficaremos mais na escola. Fomos convidados a assinar a nossa remoção, escolher a escola onde nós devemos ir”, disse.
Mara Nicácio alega que a principal preocupação é a distância da Escola Antenor Sarmento para os estudantes que não têm condições de arcar com custos de transporte. “À medida que essa escola deixa de existir, porque os alunos terão que ir para mais longe de suas casas, essas crianças serão prejudicadas porque na maioria das vezes é gente carente, que não tem condições de ao menos ter um alimento e vão para a escola receber a merenda escolar”, diz a professora.
A Escola Tiradentes atende bairros como Raiz, São Sebastião, Japiim, Morrinho e São Francisco. O colégio tem turmas matutinas do 6º ao 9º ano e nos turnos vespertino e noturno funciona o ensino médio.
Suzy Mota, mãe de um estudante de 12 anos que vai para o 8º ano, afirma que se houver a troca, não terá como pagar o ônibus para o filho. “O Tiradentes já é um pouco longe. Eu moro no São Francisco. Meu filho tem que andar 30 minutos de casa para lá, imagina se tiver que ir (para a outra escola). Ele vai a pé porque nós não temos condução nem como ele ir de ônibus”, disse.
Asprom
Helma Sampaio, presidente da Asprom, afirma que não houve consulta aos docentes e à comunidade escolar para a decisão, e que apesar de ser uma prerrogativa da Seduc poder realocar professores, espera que a decisão seja revista. “O nosso encaminhamento é esse, que a Seduc tenha a sensatez de não retirar os professores e os alunos daquele local onde estudam há muitos anos. A escola tem 45 anos de existência no bairro”, disse.
Sampaio disse que parte dos docentes já assinou o pedido de remoção, mas com descontentamento. “Alguns professores já até assinaram um documento solicitando a sua remoção, porque veio essa orientação da coordenadoria e eles tiveram que assinar o documento aceitando serem removidos para outra escola. Mas eles assinam com insatisfação”, afirma.
Como sugestão, Helma Sampaio alega que o governo poderia alugar um local para ser um anexo da Polícia Militar e não ocupar a escola que considera ter valor histórico para a comunidade.
Reunião no MP
O grupo foi atendido no MP pelos promotores Thiago Leão Bastos e Alberto Nascimento Rodrigues Júnior. Segundo Sampaio, ficou decidido que será aberto um processo para evitar o fechamento da escola.
“O promotor de Justiça que vai tomar conhecimento de todas as representações que foram feitas no MPE e vão abrir o processo no que se refere a essa questão da desativação da escola”, disse a presidente do sindicato.
Após a reunião nesta quinta-feira, 26, o grupo de representantes do colégio e do MP foi à Escola Tiradentes para fazer uma fiscalização e ouvir funcionários e membros da comunidade para embasarem as decisões sobre o caso.
Consultada, a Seduc não se manifestou até a publicação desta matéria.
(Colaborou Alessandra Taveira)
É o atraso patrocinado por sindicalistas e políticos, usando estudantes e seus pais como massa de manobra, tudo em defesa do atraso.