MANAUS – Cansado de ver pessoas “amontoadas” nos corredores do Hospital Pronto-Socorro 28 de Agosto, na zona centro-sul da capital, à espera de uma vaga para fazer sessões de hemodiálise, o aposentado Renê Fernandes, 52, procurou o AMAZONAS ATUAL para denunciar o que ele chamou de “descaso do poder público”. Fernandes afirmou que faz tratamento no hospital há 3 meses, realizando sessões de hemodiálises de dois em dois dias. Segundo ele, a unidade hospitalar só tem duas máquinas para o tratamento e, cada sessão dura, em média, 4 horas.
“Não tem máquina suficiente e, como tem muito paciente do interior que, nem sempre tem onde ficar na capital, elas ficam jogadas lá no hospital esperando ter uma vaga na máquina para fazer a sessão de hemodiálise. Ninguém toma uma atitude. Os médicos afirmam que não podem fazer nada. Só há duas máquinas e já procuramos a Susam para ver se conseguem ampliar o número de vagas em clínicas particulares, mas não há vagas”, lamentou o aposentado.
O ATUAL procurou a Susam (Secretaria de Estado de Saúde) para repercutir a denúncia e, em nota, o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto informou que a unidade dispõe de três máquinas funcionando, sendo que uma delas está a disposição do setor de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Conforme a nota, o serviço atende por prioridade clínica, conforme sua capacidade, realizando em média 15 procedimentos diariamente, entre pacientes de UTI, internados nas clínicas e pacientes externos.
Sem explicação
Internado há 20 dias no Hospital Adriano Jorge, Cachoeirinha, zona sul, à espera de uma cirurgia que nunca acontece, o produtor rural de Apuí, Lourizete Moraes, mais conhecido como “louro” está há dois meses perambulando pelos hospitais de Manaus, após sofrer um acidente de moto e ter fraturado a perna direita, o antebraço e o ombro em seu município e ter sido transferido para cá à procura de tratamento.
Acompanhado na cidade por membros da Ong Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), o produtor rural não tem previsão de retornar à sua cidade. “Ele já passou por duas cirurgias no hospital Platão Araújo e, sem qualquer explicação, o transferiram para o Adriano Jorge no dia 10 deste mês. E, desde então, está esperando para fazer mais uma cirurgia que nunca acontece”, criticou o gerente do Programa de Produção Rural do Idesam, Gabriel Carrero.
De acordo com Carrero, ninguém do hospital dá satisfação, apenas informam que na semana seguinte vão fazer a operação e, quando chega na semana marcada nada acontece. “Sempre alegam que falta uma peça para o operação, já que ele está com uma fratura exposta ou que o remédio tem que fazer efeito para poder ser feita a operação”, disse Carrero.
Conforme o gerente do Idesam, Lourizete é um dos produtores rurais que o órgão apoia lá em Apuí e, nestes dois meses que está ausente do município sem trabalhar sua família está desassistida. “Ninguém fala a verdade. Não sabemos quando ele vai ser operado. É complicado, porque as pessoas do interior geralmente trabalham com o corpo na roça e eles já está ‘baqueado’ com esse acidente”.
Outro lado
A Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), em nota, informou que, como um hospital de atendimento eletivo, todos os agendamentos de procedimentos cirúrgicos são realizados com base na segurança do paciente. “Em relação ao Sr. Lourizete Moraes, o mesmo estava em tratamento para combater quadro infeccioso de fratura, conforme o gerente do Programa de Produção Rural do Idesam, Sr. Gabriel Carrreo, expõe na matéria relatando ‘que o remédio tem de fazer efeito para poder ser feita a operação’. Destaca ainda que, conforme evolução médica, o paciente deverá ter a cirurgia agendada na próxima semana”, diz a nota.