MANAUS – Após esperar por quase cinco anos por uma cirurgia reparadora para troca de válvula cardíaca no hospital Fundação do Coração Francisca Mendes, o trabalhador autônomo Marcondes Almeida dos Santos, 26 anos, morreu na última segunda-feira, 29, no Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, no bairro Jorge Teixeira, zona leste de Manaus. A família acusa o Estado de negligência.
Segundo a mãe do paciente, Lucilene Santos da Silva, 43 anos, ele foi encaminhado à unidade com quadro de insuficiência respiratória associada a problemas cardíacos e deixou de passar por cirurgia de emergência por falta de vagas no Francisca Mendes, referência em tratamento de doenças cardíacas.
De acordo com a mãe de Marcondes, fazia oito dias que ele se sentiu mal em Coari (a 463 quilômetros de Manaus), onde morava com a família, e foi trazido à capital para atendimento médico. Ele ficou sete dias no HPS Platão Araújo, tentando transferência para o Francisca Mendes, sem sucesso. Além dele, outras 11 pessoas aguardavam por procedimentos de emergência na unidade de saúde, informou Lucilene.
Segundo a mãe, em 2006 o autônomo recebeu o implante de uma válvula cardíaca para minimizar os efeitos de um problema ocasionado por febre reumática. A válvula tinha indicação de troca a cada cinco anos. Em 2011, ele não conseguiu vaga para substituir o material e desde lá vinha aguardando na fila do SUS pelo tratamento.
Em Manaus, quando deu entrada no HPS, no dia 22 de fevereiro, o paciente sentia cansaço e falta de ar. Com o agravamento do quadro, ele precisou ser entubado. “Ele sempre era internado passando mal e eu tinha a esperança que ele fosse submetido à cirurgia de emergência, o que não aconteceu. Quando ele deu entrada no Platão, segunda-feira (22), os médicos sabiam que ele não deveria ficar lá, porque não era a especialidade de tratamento deles”.
“Sei que nada vai trazer ele de volta, mas vou correr atrás para denunciar o caso”, lamentou a mãe de Marcondes. O corpo do autônomo foi velado em Manaus e encaminhado a Coari, onde foi sepultado na manhã desta quarta-feira, 2.
A reportagem solicitou informações da Susam (Secretaria de Estado de Saúde) sobre o atendimento e a falta de vaga na unidade onde Marcondes deveria ser atendido, a Fundação Francisca Mendes, mas até o fechamento da matéria, a secretaria não respondeu.