Por Lúcio Pinheiro
Nas fileiras do minúsculo bloco de oposição da ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), Alessandra Campêlo (PMDB), José Ricardo (PT) e Luiz Castro (Rede) dizem que é preciso esperar para ver se os sinais de que a oposição de colegas a Amazonino Mendes feitos durante a campanha se confirmarão de fato quando o governador tampão assumir o cargo.
Alessandra Campêlo diz que Amazonino pode até sofrer uma resistência circunstancial no início do mandato, mas não demorará para muitos dos colegas acostumados com a proximidade ao poder se juntarem ao bloco governista. “Acho que de início a bancada será bem maior que antes, mas, historicamente, a tendência é a maioria aderir à base governista”, disse a peemedebista.
Apesar do discurso afiado contra Amazonino durante a campanha, Alessandra promete responsabilidade durante a gestão do governador tampão. “Eu não farei oposição por oposição. Inclusive, encaminharei oficialmente as principais pautas que acho exequíveis em 15 meses ao governador eleito para avaliação dele. Saúde, segurança pública e remuneração dos servidores de todas as áreas fazem parte disso”, afirmou.
A peemedebista promete até apoio a Amazonino, dependendo do desempenho dele no governo. “Serei vigilante. Manterei minha postura fiscalizadora, no entanto, todas as boas medidas que por ventura venham a ser adotadas terão meu apoio”, promete Alessandra.
Canto da sereia
O petista José Ricardo também não acredita no crescimento da oposição. Para ele, a revoada de deputados para a situação é certa já na primeira semana do novo governo. “Vão caminhar para ser situação. Tem deputado que não consegue ser nada diferente, fiscalizador, ser oposição. Hoje, sinceramente, não sei quem vai ser oposição. A Alessandra, eu, o Luiz. Não vejo mais ninguém”, afirmou o parlamentar.
Luiz Castro diz que não sabe se os deputados que se levantaram contra a candidatura de Amazonino, agora, resistirão ao ‘canto da sereia’. “Porque o canto da sereia nem todo mundo resiste, né? Eu estou vacinado. Para mim é uma opção muito clara manter uma linha diferente da mantida pela maioria”, disse o deputado da Rede Sustentabilidade.
Luiz diz que o presidente da ALE e atual governador interino, David Almeida (PSD), tem um papel importante nesse contexto. Para o deputado, se David cumprir o que prometeu durante a campanha, de fazer oposição, talvez seja seguido por outros aliados, e aí a oposição cresce. “Se ele decidir fazer oposição, haverá uma aproximação comigo, com José Ricardo e com a Alessandra. Eu acho que depende muito da posição dele. Acho que ele é que pode, se se posicionar pelo menos como parlamentar independente, pode ser que a oposição sim amplie seu número de parlamentares”, avalia Luiz.
Luiz Castro diz que apesar do alinhamento em alguns assuntos com José Ricardo e Alessandra, ele prefere se definir como deputado independente, e não de oposição. “Não tenho alinhamento automático com nenhum outro parlamentar. Temos afinidades em determinados temas em âmbito estadual com o deputado José Ricardo. Mas nós temos pontos de divergência. Nós somos de partidos diferentes que têm visões diferentes, especialmente em âmbito nacional”, afirma o deputado.
Teoria
Com a eleição de Amazonino Mendes (PDT) para o Governo do Amazonas, a relação de forças entre a base aliada e a oposição na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado) chega a um equilíbrio raro de se ver no Legislativo Amazonense. Ao menos na teoria.
Levando em consideração as adesões feitas ao logo da campanha, e os sinais após a eleição, Amazonino assumirá o Executivo com o apoio de 10 ou 11 dos 24 deputados estaduais. Mantendo-se esse desenho, mais da metade da ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) tomará o lado da oposição.
Amazonino já afirmou não estar preocupado com a desconfiança de mais da metade da ALE-AM ao governo dele. O governador eleito declarou após a vitória, que resolverá suas diferenças com os deputados por meio do diálogo e do respeito.
Até aqui, a tendência é que o grupo de oposição na ALE-AM seja formado pelos deputados José Ricardo, Serafim Corrêa, Luiz Castro, Alessandra Campêlo, Orlando Cidade, Sinésio Campos, Francisco Souza, Dr. Gomes, Cabo Maciel, Ricardo Nicolau, Platiny Soares, Sabá Reis, Abdala Fraxe e David Almeida.
Na sua base, Amazonino deve ter o apoio de Wanderley Dallas, Vicente Lopes, Sidney Leite, Mário Bastos, Dermilson Chagas, Augusto Ferraz, Adjuto Afonso, Carlos Alberto e Josué Neto.