Por Roberto Caminha Filho
A nossa Marta foi uma coisa espetacular para o futebol brasileiro e mundial. O seu ciclo de vida esportiva chegou ao fim, assim como o da Formiga e da Cristiane. Como substituir essas joias raras? Massificando o futebol brasileiro feminino.
Eu fiz uma campanha política em Manaus e surpreendi-me com a quantidade de equipes femininas que temos nos bairros e nas zonas da nossa cidade. Invariavelmente, os bairros mostravam oito times para os torneios. Todas as moças com muita alegria e vontade de mostrar seu talento e vigor físico.
O professor de natação e grande mestre da educação física, Prof. Basilone, dizia em suas palestras:
“O craque não escolhe onde nascer. Nota-se que ele prefere nascer longe dos grandes centros. Olhem o Pelé, de Três Corações; a Marta, do interior do nordeste; o Cielo, do interior de São Paulo.”
A CBF, sob nova direção, vai dar uma mexida nos torneios e campeonatos brasileiros. É bom que a diretoria feminina saiba que o Brasil tem 27 unidades federativas. O atual campeonato brasileiro, o Brasileirão, pertence a um Brasil mais brasileiro que os ouros Brasis que conhecemos. Na Holanda, na Alemanha, na Espanha, na Inglaterra, as cidades têm as suas representações e os craques aparecem muito mais que no Brasil Sul-Sudeste.
Vamos produzir outras Martas, outras Cristianes, outras Formigas, dessa vez com quinze centímetros a mais, musculatura mais apropriada para o confronto com as europeias, americanas e vikings.
Já deu para notar que, sem o talento do Pelé, do Garrincha, do Romário, do Zico, do Bebeto e do Neymar, se não tivermos musculaturas adequadas para o choque, vamos ficar brincando por aqui pelos nossos campinhos de praia e várzea. As equipes das brancas, das negras e das vikings estão indo para o impacto. O talento foi colocado no banco. A zagueira artilheira da França tem 1,87 m, alta e magra, com a musculatura da coxa trabalhada para o choque.
O nosso futebol masculino já está descendo pelas tabelas, com a constante ausência do super-craque Neymar, o único com talento na nossa seleção, depois que o Marcelo deixou de ser convocado.
O último jogo da nossa Seleção Canarinho, contra ninguém, mostrou os laterais sofríveis, os centrais mais baixos do mundo, o meio de campo com o Arthur batendo cabeça, e o ataque, que me desculpem os entendidos de futebol, se aproveitando de bobagem de goleiro e zagueiros sem categoria. Eu não gosto de falar do Peru, onde tenho ótimos amigos, mas desde a Copa de 1978, que eu jamais os perdoarei, torço sempre contra, seja qual for a outra equipe, pela comercialização do placar durante o jogo contra a Argentina. Se a FIFA fosse séria, daria vinte anos de afastamento do futebol mundial, e mostraria ao mundo uma lição de ética e moral no futebol.
Vamos agradecer a essas cracaças que se despedem e que, em momento algum, deixaram nascer ou transparecer o velho Complexo de Vira-Latas. São as nossas heroínas.
*Roberto Caminha Filho, economista, nacionalino, é fã da Marta e louco por futebol.