Da Redação
MANAUS – Uma operação de combate ao maior desvio de combustíveis registrado no Amazonas foi deflagrada pela Polícia Civil, na manhã desta terça-feira, 6. O alvo da Operação ‘Alceu’ é uma quadrilha que furtou 642 mil litros de gasolina em novembro de 2017. O produto foi furtado de balsa e transportado em pequenas embarcações, informou o Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), que auxilia a polícia na ação contra o esquema criminoso. O esquema gerou um prejuízo de cerca de R$ 2 milhões.
As diligências estão em andamento e a equipe da Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (Derfd) já cumpriu três mandados de prisão preventiva e temporária contra donos de pontões. Os empresários Francisco de Assis da Silva Souza, 42, e André Rabelo de Oliveira, 41, além de Adenilzo da Cunha Damasceno, 55, conhecido como “Pedrinho”, e Elizeu França Barros, 34, foram presos por envolvimento no crime.
O vigilante da empresa, Sílvio André Albuquerque dos Santos, deu suporte ao furto, permitindo que ‘Pedrinho’ e outro indivíduo, que já foi identificado, retirassem o combustível da balsa e transferissem para outros barcos de pequeno porte, que pertencem ao empresário Francisco de Assis. “Após o furto, a dupla colocou água nas boias da balsa para evitar que fosse detectada a retirada da gasolina e a embarcação permanecesse no mesmo nível. Os infratores agiram antes que o barco transportasse a carga a Santarém e Itaituba, no Pará. O vigilante confessou participação no delito e relatou, em depoimento na especializada, que recebeu R$ 1,5 mil para facilitar o furto da carga”, disse o delegado Adriano Felix.
Conforme o Sindarma, a gasolina foi furtada durante três dias de uma balsa, em novembro do ano passado. A embarcação estava atracada em um porto da empresa que transporta combustíveis. O terminal portuário fica na margem do Rio Negro, nas proximidades do Porto da Ceasa, na zona sul de Manaus.
A quadrilha furtou a carga de combustível antes que ela fosse transportada para Santarém e Itaituba no Pará. Segundo o Sindarma, os desvios do combustível ocorreram durante a madrugada e contou com conivência de um vigilante da empresa de transporte aquaviário, que saia do local no momento que os criminosos agiam.
Dois barcos do tipo Bajara – como são conhecidos as embarcações de pequeno porte na região Amazônica – se aproximaram da balsa e dois homens retiravam a gasolina do reservatório. O combustível era transferido para os barcos identificados como AIUB e Cmt. Assis. Logo em seguida, a dupla colocava nas boias da balsa água para evitar que fosse detectado a retirada da gasolina e a embarcação permanecesse no mesmo nível.
Os 642 mil litros furtados de gasolina foram levados para um pontão (posto flutuante de combustíveis) denominado Bons Amigos, do líder da quadrilha identificado como Francisco de Assis da Silva Souza, de 42 anos e que é natural de Boca do Acre. O pontão do chefe do esquema fica na Zona Rural da capital e no estabelecimento o combustível era revendido.
Outro pontão de um suspeito conhecido como André teria receptado a carga furtada e comercializado o combustível no Rio Negro, nas proximidades da Feira da Panair, no bairro Educandos. Outra parte da carga foi enviada para Manicoré, no Sul do Amazonas.
O desvio foi percebido quando os trabalhadores da empresa de navegação abriram a balsa e detectaram que a carga estava incompleta. O proprietário da empresa procurou a Polícia Civil e registrou Boletim de Ocorrência. A DERFD iniciou investigações ainda no ano passado. O vigia da empresa confessou que recebeu R$ 1.500 para facilitar o furto da carga de combustíveis.
A Polícia Civil com autorização da justiça monitorou com escutas telefônicas os suspeitos de participação no furto e na receptação do combustível. O Sindarma auxiliou nas investigações. A Derfd identificou 15 pessoas que estavam envolvidas no esquema criminoso, solicitou a prisão e bloqueio de bens ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM). A justiça decretou a prisão de quatro pessoas.
“As quadrilhas que furtam e roubam combustíveis nos rios da região têm atuado com frequência. A ação criminosa gera prejuízos para empresas e transportadoras, além de fomentar um comércio ilegal de combustíveis, que gera sonegação de impostos e outros tipos de crimes. A atuação da polícia em combater esse maior furto de combustível registrado no Amazonas é importante e inibirá a prática criminosa”, afirmou o presidente do Sindarma, Galdino Alencar Júnior.