Da Redação
MANAUS – Com um trabalho de edição que durou dez anos, a reedição do livro ‘Poranduba Amazonense’, do cientista e pesquisador da Amazônia Barbosa Rodrigues, será relançada com um vocabulário indígena Português-Nheengatu. A obra histórica existe há 127 anos, mas restrita a pouquíssimas bibliotecas públicas e particulares no País.
O poeta e escritor Tenório Telles coordenou a edição atualizada da obra. “Entregamos aos leitores brasileiros, especialmente às populações indígenas, uma obra que há 127 anos adormecia nas estantes de pouquíssimas bibliotecas públicas e particulares de nosso País”, afirmou Tenório, lembrando que foram consultados acervos da Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional e do departamento de obras raras da Biblioteca da Universidade de São Paulo (USP).
A nova edição está dividida em três unidades narrativas: lendas mitológicas, contos zoológicos e contos astronômicos e botânicos. Há uma parte dedicada a cantigas e um anexo com o vocabulário indígena.
O editor Isaac Maciel, da Valer Editora, de Manaus, lembra que Poranduba Amazonense foi concebido para resgatar a memória cultural da Amazônia. Esse relançamento é o coroamento de um projeto que está para além do viés comercial, diz o editor. “Esse livro revela ao público, principalmente das universidades, como estudantes e pesquisadores das mais variadas áreas, aquilo que antes estava escondido, inacessível e que retorna para o convívio de estudantes pesquisadores interessados em melhor compreender o processo cultural brasileiro”, disse Maciel.
Com Poranduba Amazonense, segundo Tenório Telles e Isaac Maciel, Barbosa firmou-se como um estudioso para além do seu tempo porque sua obra foi produzida numa época em que a cultura popular e, principalmente, as culturas indígenas eram pouco estudadas e reconhecidas. Hoje, o estudo de Barbosa Rodrigues é reconhecido como de fundamental importância para a compreensão da formação do pensamento social e das culturas amazônicas contemporâneas, bem como uma fonte inestimável de estudo.