EDITORIAL
MANAUS – Existem dois mundos no transporte aéreo brasileiro, que aqui tratamos como submundo e o mundo deste setor que é dominado por três companhias aéreas, mas que agem todas da mesma forma, sem opção para os usuários de médio poder aquisitivo.
O submundo é a viagem em si, em aviões cujo conforto é bem menor do que o oferecido nos ônibus do transporte coletivo da maioria das capitais brasileiras. Perde de longe para os ônibus intermunicipais e interestaduais. Cadeiras estreitas, sem espaço suficiente de um assento ao outro, as pessoas mais altas viajam imprensadas entre o encosto da cadeira e o assento da frente.
Debochadamente, durante os pousos e decolagens, as comissárias ou comissários de bordo passam verificando a posição do encosto da cadeira e advertindo os passageiros para colocarem os assentos na posição vertical. Ora, os acentos não saem da posição vertical. A proximidade das cadeiras só permite uma inclinação de uns três a cinco centímetros, o que não faz qualquer diferença.
Durante os voos, mesmo nos mais demorados (de Manaus a São Paulo a duração é de quatro horas), as companhias aéreas servem uns salgadinhos ou doces empacotados com peso médio de 10 gramas. Isso mesmo, 10 gramas. Algumas têm a opção de doce ou salgado. Para acompanhar, um copo com água, café ou refrigerante. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) deveria indagar e obrigar as companhias aérea a divulgar o nome do nutricionista que receitou essa alimentação nos aviões.
Além do tratamento dispensado dentro dos aviões, as companhias aéreas ainda brindam os clientes com atrasos nos voos, sem qualquer justificativa climática, com a consequente perda de conexões para quem viaja com uma ou duas paradas. Não há qualquer respeito aos usuários, que ficam horas nos aeroportos ou precisam pegar outro tipo de transporte para chegar ao destino, sem devolução ou ressarcimento do valor cobrado.
Feitas essas considerações sobre o submundo, vamos ao mundo, que são os aeroportos. Alguns nem merecem ser considerados mundo se analisados a partir da estrutura e higiene dos banheiros. Mas aqui tratamos do mundo do comércio que se instala nos aeroportos de todo o país.
Historicamente os aeroportos são locais onde o comércio se aproveita da vulnerabilidade dos usuários para cobrar valores absurdos nos produtos e serviços. Até o fim da década de 1980, os aviões forneciam refeições aos passageiros, inclusive servidas em pratos de porcelana e com talheres de metal. Se precisasse de um cobertor para combater o frio, prontamente era oferecido pela comissária de bordo. Ao longo do tempo o serviço de bordo foi decaindo até chegarmos à situação atual.
Até aquele período, viajar de avião era para poucos, apenas para os mais ricos. Por isso, eram bem servidos nos aviões. Nos aeroportos, como eram pessoas abastadas ou turistas internacionais, cobrava-se o preço que eles podiam pagar, não sem reclamar.
Os aviões eram mais confortáveis. Além de comida, o serviço de bordo oferecia um leque de bebidas à escolha do freguês, alcoólicas e não alcoólicas. Portanto, os passageiros quase não precisavam comprar nos aeroportos.
Grande parte da precarização dos serviços de bordo e do conforto das aeronaves se deveu à popularização do transporte aéreo brasileiro. A classe média passou a utilizar o serviço, mas sem o poder aquisitivo dos antigos usuários.
O problema é que os aviões reduziram a oferta de serviço a quase zero e mantiveram as tarifas com preços altos, mas os aeroportos continuam tratando a clientela como os ricos do século passado. Um sanduiche em uma franquia de lojas do seguimento que custa R$ 43 em Manaus é vendido por R$ 75,50 nos aeroportos de todo o país. Preços combinados. Tudo é absurdo. Uma água, vendida a R$ 0,80 no supermercado, é adquirida por R$ 10 nos aeroportos. E por aí vai.
Aquele cliente de classe média que busca uma tarifa mais barata, é obrigado a fazer pelo menos uma conexão. A viagem não é feita em menos de 12 horas. Por isso, essas pessoas serão quase obrigadas a comer no aeroporto se não levaram sua marmita na mochila.
Na maioria das vezes, as lojas dos aeroportos estão vazias. Mas não importa; se 1% dos passageiros comprarem alguma coisa, elas saem no lucro.
A reportagem é muito boa.
As vigens internacionais para TAM que eu fiz em 2022 goi horrivel. A comissari fisia, todas tatoafa, com umas unhas enormaes super nojento. A comida ofeecida foi horrível, o café que doi ofeecido parecia birra cozida.
Agora TAM, nas viagens internacionais himilham os passageiros. A comissaria faz agrado ofeendo elogips para aqueles que usam os actões TAM na drente de outros passageiros.
As pessoasaltas sofrem com aquelas poutronas mimusculas e justas. Isso na clasße Pemium. Imagine na classe wconomica…..
Todas essas “regalias” era nos bons tempos de VARIG. Só restam as lembranças. Quanto aos valores dos lanches e guloseimas cobrados no aeroportos beira o absurdo, acredito que seja por conta das altas taxas que os comerciantes pagam para se manterem instalados nos aeroportos Brasil afora. Excelente texto!
E aqui no amazonas sem saída terrestre é pior ainda, um cartel de três empresas. Tem de abrir o mercado para outras empresas criar concorrência.