
Em 10 de outubro de 2021, o Papa Francisco convocou toda Igreja Católica para um processo sinodal com duração de dois anos. Sob o título: Sínodo 2021-2023
“Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, este Sínodo poderá vir a ser a maior consulta democrática da história da Igreja e poderá mudar significativamente os rumos da instituição.
Pedagogicamente, a parte mais importante do processo sinodal é a escuta de toda a Igreja dinamizada nos grupos comunitários e religiosos, nas comunidades eclesiais de base, nas pastorais e serviços, nas paróquias, dioceses e nos regionais. Esta primeira etapa iniciou-se em com a convocação sinodal e seguirá até abril de 2022. Em seguida serão realizadas as sistematizações de todos os relatórios recolhidos nas bases e enviados para equipes de síntese ligadas ao Conselho Sinodal para uma primeira elaboração.
A segunda fase é a etapa continental que será realizada de setembro de 2022 a março de 2023. Nesta fase serão reunidas as sistematizações em cada continente, resultando num amplo diagnóstico da presença, atuação e desafios da Igreja em cada um dos cinco continentes onde se faz presente. Os cinco relatórios seguirão para a sistematização geral que definirá um Documento de Trabalho ou o Instrumentum Laboris, na linguagem sinodal, que orientará os trabalhos da maior Assembleia Sinodal de todos os tempos que ocorrerá no Vaticano, em outubro de 2023.
Algumas Igrejas já estão avançando sistematicamente no processo de escuta e apresentam algumas pistas de como será o debate na Assembleia Sinodal. A Igreja da Alemanha, por sua vez, acaba de encerrar um sínodo local, a exemplo do que realizamos na Pan-Amazônia entre 2017-2019, e levará para o Sínodo Geral temas importantes e complexos que dizem respeito a toda a Igreja.
O Sínodo da Igreja Alemã iniciou-se em 2019 coordenado pelo Cardeal de Munique, Reinhard Marx, um dos colaboradores mais próximos e influentes do Papa Francisco. Encerrado no último dia 07 de fevereiro, o Documento Final do Sínodo da Alemanha é revolucionário em diversas dimensões. Na assembleia, 86% dos sinodais, reunidos em Frankfurt “se manifestaram a favor da abolição do celibato para os padres e da admissão de mulheres ao sacerdócio” num processo franco de reinterpretação de uma proibição secular que não se justifica teologicamente (https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/2022/02/07/o-passo-da-igreja-alema-na-alemanha-o-sinodo-aprovou-a-abolicao-do-celibato-obrigatorio-e-a-abertura-ao-sacerdocio-feminino/).
Da mesma forma que ocorreu no Sínodo Especial para a Amazônia, o Sínodo da Alemanha entende que é chegada a hora de rever algumas práticas históricas e apresentar mudanças profundas e necessárias nas estruturas eclesiais.
Essa conclusão da Assembleia Sinodal, no entanto, é resultado de um longo processo de discernimento interno que há muitos anos vem sendo debatido na Igreja da Alemanha e em muitas outras partes do mundo. Em junho de 2020, Dom Georg Bätzingo, bispo de Limburgo, que substituiu o Cardeal de Munique, Reinhard Marx, destacou os temas mais complexos debatidos no processo sinodal: “a relação com Roma (especialmente com o Papa Francisco), o protagonismo dos leigos e das mulheres na Igreja, as feridas da pedofilia, até o tema mais candente, o celibato sacerdotal e, ao mesmo tempo, a constatação de que “não seria prejudicial à Igreja se também houvesse sacerdotes casados” (https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/599945-igreja-alema-olha-para-a-frente-padres-casados-qual-o-problema).
Da Amazônia, um dos temas mais abrangentes é a relação da Igreja com o cuidado da Casa Comum, tema transversal do Sínodo Especial para a Amazônia. Mais do que em outras épocas, o tema socioambiental, provocado a partir da Encíclica Laudato Sì (2015) do Papa Francisco, é um tema central no debate da Igreja. Os novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral foi a proposta central do Sínodo Especial dos Bispos para a Região Pan-Amazônica. Entretanto, é uma proposta para toda a Igreja que compreende a importância da Ecologia Integral como um projeto de sociedade, um itinerário pastoral e uma orientação social, política e econômica para todas as sociedades sensíveis com a fragilidade dos ecossistemas, as mudanças climáticas e preocupadas com o futuro do planeta, obra da criação. Importantes posicionamentos relacionados ao conceito de Ecologia Integral serão retomados à luz do novo Sínodo.
Nessa perspectiva, novamente os Povos Indígenas são convocados para o centro do debate com importantes lições de experiências milenares de convivência e de cuidado com criação. Devolver aos povos indígenas o lugar de fala que lhe foi negado desde a colonização é reconhecer esses povos como sujeitos de direitos e como os verdadeiros especialistas do cuidado da Casa Comum à luz da Teologia da Criação. Entretanto, essa não é uma mudança fácil, uma vez que ainda predomina em todos os países da Pan-Amazônia, “a mentalidade colonialista, rentista, predadora do pior pré-capitalismo” (https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/7983/7983.PDF).
Devolver o direito de fala, roubado dos povos indígenas desde a colonização significa devolver-lhes direitos territoriais igualmente roubados em todo processo colonizatório caracterizado pelo genocídio, pela escravidão indígena e pela criação de um sujeito social secundário. A garantia do direito de fala exige, no entanto, uma mudança estrutural na atitude de escuta. Não adianta ouvir superficialmente. A escuta é uma atitude profunda de acolhida e de tomada de posição.
Para participar do processo de escuta é preciso estar atento/a à programação nas comunidades, paróquias e dioceses. Ainda será possível participar das atividades de forma virtual. A Equipe Nacional de Animação do Sínodo criou um hotsite com informações e recursos sobre Sínodo 2021-2023, para subsidiar as comunidades e dioceses na vivência da primeira fase da caminhada sinodal, disponível no Portal da CNBB: cnbb.org.br/sinodo2023/. É só acessar, acompanhar e participar.
Marcia Oliveira é doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia (UFAM), com pós-doutorado em Sociedade e Fronteiras (UFRR); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, mestre em Gênero, Identidade e Cidadania (Universidad de Huelva - Espanha); Cientista Social, Licenciada em Sociologia (UFAM); pesquisadora do Grupo de Estudos Migratórios da Amazônia (UFAM); Pesquisadora do Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Fronteiras: Processos Sociais e Simbólicos (UFRR); Professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR); pesquisadora do Observatório das Migrações em Rondônia (OBMIRO/UNIR). Assessora da Rede Eclesial Pan-Amazônica - REPAM/CNBB e da Cáritas Brasileira.
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O Espírito Santo nos ensina a rezar, acende em nossos corações o fogo do amor de Deus, ele nos convida a fazer escolhas certas, a sermos homens e mulheres de Deus, eu disse, homens e mulheres, macho e fêmea, a respeitar nossos pais, nossa família, ele nos convida a ter fé em nosso Deus.
Sugestões:
• Valorização do celibato na igreja;
• Uma igreja voltada para a oração, para a espiritualidade, para a efusão do espírito Santo entre os fiéis, principalmente os jovens, para que novas vocações sejam despertas;
• Uma igreja voltada para a formação espiritual dos seus membros, ensinando-os a ter fé e a rezar;
• Uma igreja mais de Deus, menos do mundo;
• Uma igreja longe da militância política;
• Uma igreja de sacerdotes Santos, não de políticos, que levem jovens para os seminários, não para os movimentos sociais;
• Uma igreja de sacerdotes que sejam exemplos de santidade para os jovens
Como é que este “caminhar em conjunto” está acontecendo?
Penoso, a igreja encontra-se dividida, uma parte, maior, está em conjunto com o mundo, a outra, menor, em conjunto com Jesus.
Como é caminhar em conjunto com sacerdotes e bispos que se alinham com partidos políticos que defendem aborto, ladrões e corruptos, que apoiam e defendem regimes de esquerda autoritários e corruptos que escravizam o povo e incentivam a libertinagem?
Eu Concordo com Nilcio Perdigão. Temos que pedir muito à Virgem Santíssima que nos oriente no caminho certo para Uma santa Igreja do Seu Divino Filho Jesus Cristo.
Eu concordo com o Nilcio totalmente.
Parece que estamos caminhando para uma gradual protestantização da igreja católica. Que Deus nos proteja, nos guarde e nos defenda para que os poderes do inferno não prevaleçam contra a Santa Igreja, esposa de Cristo.
faço minhas as palavras do nilcio
Eu creio piamente assim como Jesus disse a Pedro que nada poderia derrubar a rocha de cristo que é a igreja, eu oro para que Deus intervenha sobre este sínodo, pois sabemos que ele pode trazer consequências catastróficas para a igreja de cristo, põe a tua mão jesus,que a tua vontade prevaleça.