Por Iolanda Ventura
MANAUS – Na última terça-feira, 05, o papa Francisco admitiu que padres e bispos abusaram sexualmente de freiras. Embora os casos e denúncias de abuso sexual dentro da Igreja não sejam mais novidades, é importante destacar nesse contexto um aspecto interessante para o combate à violência sexual contra a mulher: recentemente, mais freiras encorajadas pelo movimento #MeToo têm feito denúncias de abuso sexual.
O movimento #MeToo surgiu nos bastidores da fama em Hollywood quando grandes nomes como Kevin Spacey (House of Cards), Harvey Weinstein (produtor americano), Bill O’Reilly (apresentador no Canal Fox), entre outros, foram desmascarados e como em efeito dominó vários assediadores e vítimas foram trazidos à luz da opinião pública.
Não demorou para que o movimento ganhasse dimensão internacional. Hoje, em vários países a discussão do assédio gerado pelo #MeToo tem mais voz. Mas nem todos os setores da sociedade ainda enxergaram o impacto que essa iniciativa traz.
O fato dessas freiras aderirem à campanha mostra que o combate ao abuso sexual não tem religião, bandeira ou cor. Quando se trata de assédio não importa se você é da igreja, se é atriz, se votou no Bolsonaro ou no Haddad, se acha que mulher tem que usar ‘saião’ ou short. Assédio é em todas as suas formas crime. O passo dado por essas freiras é o passo que muitas mulheres da igreja precisam dar. Não interessa se ele é padre, bispo, pastor, obreiro, diácono…
Na igreja tem lobos vestidos de ovelhas. Muitos “homens de Deus” são muito bons em condenar outros ao fogo do inferno, sem se lembrar que eles mesmos podem ser condenados. E ai de quem falar a verdade! Mas lembremos que João Batista, que falava a verdade e foi o escolhido por Deus para anteceder Jesus, foi morto com o consentimento dos próprios religiosos porque revelou a “ninhada de cobras venenosas” que eram (Mateus 12:34). Os mesmos que mataram Jesus.
Iolanda Ventura é jornalista