BERLIM – O documentário ‘No Intenso Agora’, de João Moreira Salles, estreou na sessão Panorama Dokumente do Festival de Berlim, sábado, 11. O diretor utiliza imagens feitas por sua mãe em viagens que fez à China, França e Tchecoslováquia e Brasil nos anos 60.
O documentário levanta questões sociais ao mostrar episódios históricos como a invasão de Praga pelos soviéticos, em 1968, a morte do estudante Édson Luiz de Lima Souto, no Brasil. No entanto, o personagem que chamou a atenção do público foi o presidente da França Charles De Gaulle, em sua aparição no réveillon, dizendo que a França estava vivendo um ano de paz.
Diferente de Santiago, que mostrava os meios que a pessoa encontra para enfrentar as desventuras da vida, ‘No intenso agora’, narrado em primeira pessoa, Salles tenta reencontrar o que sobrou das relações e os sonhos que pareciam revolucionários. Em alguns momentos o tema suicídio é mencionado, mas não deixa claro que sua mãe teria tirado a própria vida.
Festival
A organização do É Tudo Verdade, que este ano acontece entre os dias 20 a 30 de abril, simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, confirmou a exibição de “No Intenso Agora” como o primeiro título da 22ª edição do Festival Internacional de Documentários.
O fundador e diretor do festival, Amir Labaki, afirmou em nota que: “É uma honra para o ‘É Tudo Verdade’ apresentar mais uma vez a estreia de um novo filme de João Moreira Salles. A obra cinematográfica de João ajudou a redefinir a fase do documentário brasileiro e marca profundamente a história do próprio festival, bastando lembrar a abertura há uma década com Santiago.
Para o diretor a exibição do seu filme no É Tudo Verdade é como voltar para casa. “Boa parte do atual vigor do documentário brasileiro pode ser atribuída ao festival É Tudo Verdade. É ele que há mais de vinte anos vem expondo o realizador brasileiro ao melhor da produção mundial no gênero. Isso tem uma força tremenda, pois educa o nosso olho”, disse.
“Tome o meu caso. Em certa medida, meu novo filme é uma tentativa de refletir sobre a natureza das imagens não-ficcionais. Muito do que está ali nasceu do contato com diretores e documentários que conheci por causa do É Tudo Verdade. É por isso que exibir ‘No Intenso Agora’ pela primeira vez no Brasil dentro do festival onde aprendi tanto é, para mim, como voltar para casa”, disse Salles.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)