Da Redação
MANAUS – No Amazonas, 300.044 crianças e adolescentes de 6 a 17 anos estavam fora da escola ou sem atividades escolares em 2020, o equivalente a 32% da população total nessa faixa etária no estado. O dado consta no estudo “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – um alerta sobre os impactos da pandemia da Covid-19 na Educação”, do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em parceria com o Cenpec Educação, divulgado na quinta-feira, 29.
Os estados que apresentaram os maiores percentuais de exclusão escolar estão na região Norte: Roraima, Amapá, Pará e Amazonas, com percentuais superiores a 30%. O Acre, no Norte, o Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe, no Nordeste, apresentam percentuais acima de 20%.
Em outra facha etária, de 6 a 10 anos, o Norte também tem o maior número de criança sem escola: 453.282. Isso equivale a 26,9% do público dessa faixa nos sete estados da região. De 11 a 14 anos foram 363.948 (27,3%) e de 15 a 17 anos, 328.957 (32,4%).
Entre os jovens de 4 a 17 anos, 43.334 crianças e adolescentes não frequentaram uma instituição de ensino no Amazonas, 4,2% das pessoas nessa idade no estado, em 2019, antes da pandemia.
A nível nacional, foram 1.096.468 sem estudar em 2019. Em todo o país, quase 1,5 milhão de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não frequentavam a escola (remota ou presencialmente) em novembro de 2020. A eles, somam-se outros 3,7 milhões que estavam matriculados, mas não tiveram acesso a atividades escolares e não conseguiram se manter aprendendo em casa. No total, 5,1 milhões não tiveram acesso à educação ano passado.
De acordo com a pesquisa, esse total é semelhante ao que o Brasil tinha no início dos anos 2000. “O país corre o risco de regredir duas décadas no acesso de meninas e meninos à educação, voltado aos números dos anos 2000. É essencial agir agora para reverter a exclusão, indo atrás de cada criança e cada adolescente que está com seu direito à educação negado, e tomando todas as medidas para que possam estar na escola, aprendendo”, afirma Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.
Zona rural
As crianças entre 6 e 10 anos vivendo em áreas rurais das regiões Norte e Nordeste foram as mais atingidas pela exclusão escolar durante a pandemia em 2020. Dos 5,1 milhões sem estudar ano passado em todo o país, 41% eram nessa idade, etapa em que a escolarização estava praticamente universalizada antes do novo coronavírus.
Florence afirma que crianças de 6 a 10 anos sem acesso à educação eram exceção no Brasil e que a mudança observada em 2020 pode ter impactos em toda uma geração.
“São crianças dos anos iniciais do ensino fundamental, fase de alfabetização e outras aprendizagens essenciais às demais etapas escolares. Ciclos de alfabetização incompletos podem acarretar reprovações e abandono escolar. É urgente reabrir as escolas, e mantê-las abertas, em segurança”, defende.
A situação verificada entre as crianças que têm de 11 a 14 anos se mantém nas áreas rurais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
No Ensino Médio, adolescentes vivendo em áreas rurais nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão, proporcionalmente, mais fora da escola que os que vivem em áreas urbanas nessas regiões.
Entre os fatores citados, o estudo atribui essa diferença à precariedade das condições de vida nessas regiões, em especial nas áreas mais isoladas, que levam a falta de acesso.