Da Redação
MANAUS – O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, disse nesta sexta-feira, 23, na Semana do Clima da América Latina e Caribe, que acontece em Salvador, na Bahia, que “o mundo não tolerará uma má governança sobre a Amazônia e não adianta só dizer que é nossa”. “Não é porque ela é minha que tenho o dever de destruí-la, mas a obrigação de preservá-la”, disse Arthur, que anunciou a realização do Fórum das Cidades Amazônicas, em setembro, na capital amazonense.
“Negar o aquecimento global não é inteligente”, afirmou o prefeito ao citar que as florestas são os principais mitigadores ao malefício desse fenômeno. Arthur afirmou ser contra garimpo em terras indígenas. “Garimpo em terra indígena não”, disse. “Se temos a galinha dos ovos de ouro, não podemos brincar com ela. A Amazônia é um grande agente enriquecedor do país”.
Segundo o prefeito de Manaus, “o Brasil é ‘vesgo’ em relação à Amazônia”. Para ele, o país precisa perceber que a Amazônia é a última fronteira de desenvolvimento econômico possível. “Os mulçumanos vão, ao menos, uma vez por ano à Meca. E os brasileiros deveriam ir, pelo menos, uma vez à Amazônia”, comparou Virgílio.
“O grande mal do Brasil é que de cada 100 economistas brasileiros, 110 nunca pisaram na Amazônia”, disse o prefeito, repetindo uma fala que ouviu do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Márcio Holland, na defesa da Zona Franca de Manaus como modelo econômico que dá sustentação à manutenção da floresta em pé. “A primeira recomendação que faria ao governo federal é para que não mexam no Polo Industrial de Manaus ou verão um avanço de pessoas famintas sobre a floresta”, observou.
Arthur Neto disse que não existe boa economia sem boas práticas de política ambiental e que não dá para justificar um erro cometido no passado, por países como Alemanha e Noruega, com o que acontece agora no Brasil. “Só temos um caminho, que é explorar a Amazônia com sustentabilidade”, disse.
No Fórum das Cidades Amazônicas em Manaus será elaborado um Manifesto Amazônico com propostas para o desenvolvimento sustentável na região. Virgílio sugeriu aos prefeitos uma audiência com o presidente da república, para que ele ouça os governantes locais sobre o tema. “Ele precisa ouvir advertências, ele foi eleito democraticamente e precisa ouvir aplausos e críticas. Tenho impressão que precisamos de uma atitude proativa em relação a isso, sempre aberto, sem temor de dizer o que nós devemos fazer”, finalizou.