Da Redação
MANAUS – O MPF (Ministério Público Federal) recomendou à Prefeitura de Manaus que distribua alimentação adequada e com frequência certa aos os indígenas venezuelanos da etnia Warao que estão sendo acolhidos pela Semasc (Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania).
Segundo o MPF, o cardápio que é servido três vezes ao dia não tem nutrientes suficientes. O MPF chama a dieta de ‘pobre’. “Não há variação no cardápio ao longo da semana, a dieta é pobre em termos nutricionais – o que pode, inclusive, comprometer o quadro de saúde dos indígenas a médio e longo prazo”, afirma na recomendação.
O MPF alega que coletou relatos e queixas dos indígenas nas quais informaram que as refeições não estão chegando no horário correto e que, quando chegam, estão frias, algumas vezes congelada, com alimentos duros, que dificulta a mastigação.
O MPF também recomendou que a Prefeitura de Manaus forneça esse alimento de acordo com os hábitos dos indígenas e que também dê a possibilidade deles próprios cozinharem nos abrigos.
A Prefeitura de Manaus e a Semasc devem também fazer um levantamento sobre a existência de indígenas doentes com necessidades especiais de alimentação fornecendo os meios adequados para garantir a nutrição delas. O Executivo tem até cinco dias para responder a notificação e às lideranças Warao, ao Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados)e ao Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Em abril, os Warao foram realocados do abrigo em que estavam, no bairro Alfredo Nascimento, após uma criança de dois meses testar positivo para o coronavírus. Hoje eles são cerca de 500 indígenas e nesses novos abrigos, que são quadras de escolas municipais e e centros esportivos, eles não tem estrutura disponibilizada, segundo o MPF.
Sobre os Warao
Os indígenas Warao são provenientes do delta do Orinoco, na Venezuela, e têm se deslocado para o Brasil há anos em busca de melhores condições de vida e acesso a alimentos, medicamentos e trabalho, devido à grave crise política e econômica e ao quadro agudo de fome causado pela hiperinflação e escassez de bens em seu país de origem.
Desde 2017, os Warao que estão em Manaus têm sido acompanhados pelos poderes municipal e estadual que implementaram políticas públicas de acolhimento, por meio de repasse de recursos federais, buscando garantir condições adequadas de abrigamento e alimentação, apesar das dificuldades no estabelecimento de um diálogo intercultural efetivo.
Com o aumento do fluxo migratório em razão da crise generalizada que se estabeleceu na Venezuela, o MPF acompanha, por meio de inquérito civil, as medidas de apoio aos imigrantes e indígenas Warao, em Manaus.