Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – O MP-AM (Ministério Público do Amazonas) denunciou novamente o médico Júlio Adriano da Rocha Carvalho, após o aparecimento de mais duas vítimas que o acusam de abuso sexual, segundo o promotor de Justiça Edinaldo Aquino Medeiros. Júlio Adriano é suspeito de abusar sexualmente de sete pacientes durante consultas médicas em Manaus.
Edinaldo Medeiros disse que desde a primeira denúncia, outras vítimas apareceram para denunciar o médico. Até então, cinco mulheres haviam sido identificadas em dois inquéritos, um concluído em 2018 e outro aberto em abril deste ano pelo delegado Marcelo Martins, do 24º DIP (Distrito Integrado de Polícia). Com a nova denúncia do MP, já são contabilizadas sete vítimas do clínico-geral. “Denunciado por sete vítimas, com o mesmo modus operandi, o que significa dizer que havia aí uma reiteração da conduta”, afirma o promotor.
De acordo com o promotor, os relatórios das investigações foram analisados e resultaram na nova ação. “Para evitar que aguardássemos maior tempo na investigação, optamos em fazer a primeira denúncia com três vítimas, ao mesmo tempo em que solicitamos ao delegado Marcelo Martins que continuasse as investigações. Ele continuou, apresentou para nós os relatórios. E esses relatórios apontam que de fato ocorreram outras vítimas e na análise dos documentos entendemos a necessidade de apresentar nova denúncia expondo os fatos”, disse.
De acordo com Edinaldo Medeiros, parecia um atendimento normal, mas o médico trancava as mulheres no consultório e cometia os abusos. “Segundo as vítimas, com exceção de uma delas, as demais foram dentro do próprio consultório médico, com atendimentos tanto na área pública quanto na área privada e o procedimento era sempre o mesmo. A princípio, parecia um atendimento médico normal e a partir daí fechava-se a porta do consultório, e aí o abuso vinha a partir desse instante em que a vítima ali aparentemente esperava ser atendida pelo médico. E a partir daí começava todo tipo de abuso relatados pelas vítimas”, disse o promotor.
Conforme Medeiros, as investigações apontam para casos que teriam acontecido desde 2014. “O que motivou a investigação foi um fato ocorrido em 2018 que conseguimos identificar. Conseguimos através da investigação policial que avançou, que esses eventos já ocorriam em anos anteriores. Identificamos até ocorrências de 2014. Ou seja, há uma reiteração de longa data”, contou.
A nova denúncia é semelhante à primeira do MP, mudando apenas os nomes das vítimas, segundo o promotor. “Os fatos são muito parecidos. Então, na verdade, o teor da denúncia relata um abuso contra pacientes que eram atendidas pelo denunciado. Em síntese, o fato muda as vítimas, mas o modus operandi ou a forma que isso ocorria era a mesma”, explica o promotor.
Na denúncia, o MP não pede a prisão preventiva de Júlio Adriano, que está em liberdade e cumpre medidas cautelares, entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica, a suspensão das atividades relacionadas à medicina, a proibição de exercer a profissão e a proibição de se ausentar de Manaus. “Esse afastamento, pelo menos nesse instante, entendemos que é suficiente para garantir que não ocorram novas vítimas. Pelo menos desta maneira, da forma como isso ocorria, entendemos que sim, que é suficiente. Não pretendemos, nesse instante, adotar outras medidas que não essas que estão colocadas”, disse Edinaldo Medeiros.