Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Um total de 60 quilos de ouro, avaliados em R$ 18 milhões, foram roubados em apreensões por agentes de segurança pública do Amazonas alvos da Operação Garimpo Urbano, deflagrada nesta sexta-feira (9) em Manaus.
A informação foi dada pelo promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) Armando Gurgel Maia, em entrevista na tarde desta sexta-feira.
O MP-AM (Ministério Público do Amazonas) deflagrou a operação “Garimpo Urbano” em investigação de roubo do metal precioso. Foram quatro mandados de prisão temporária e 10 de busca e apreensão.
Entre os presos está o secretário da Seai (Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência), delegado Samir Freire. Ele foi afastado do cargo pela Justiça Estadual a pedido do Ministério Público.
O promotor Armando Gurgel afirma que em algumas ocorrências houve participação clara e efetiva de agentes da Seai e há evidências de que Samir Freire tinha conhecimento dos roubos.
“Esses atos foram levados também para dentro da Seai e há referências ao fato de que ele tinha conhecimento dessas ocorrências, elementos que apontam para o conhecimento dele”, disse.
Armando Gurgel diz que ainda não foi feita denúncia contra o secretário e que o material coletado na operação está sendo reunido como prova. Está sob investigação como era feita a divisão do lucro obtido com o material.
Os 60 quilos foram roubados em pelo menos três situações. “Há ainda mais episódios em que ao que tudo indica é o mesmo modus operandi em busca de encontrar metais preciosos”, afirma Gurgel.
De acordo com as investigações, o crime ocorre desde 2019. “Com relação ao tempo que eles vêm atuando nós temos antecedentes, não exatamente esse mesmo grupo, mas parte ou pessoas ligadas a esse grupo atuando em situações semelhantes desde 2019. E aí com algum intervalo de tempo um retorno para fatos que voltam a acontecer e se intensificam no ano de 2021”.
O promotor explica que é estranho que a Seai estivesse interessada especificamente no transporte de ouro, e se havia algum ilícito, a atuação deveria ser da polícia.
“Quando a gente tem essa atuação imediata, direta, instantânea por parte da Seai, ainda que eventualmente em conjunto com um ou dois órgãos, ou um ou dois agentes que atuem em um órgão de execução policial essa atuação já é anômala e chama a atenção ocorrer nesses casos específicos que envolvem metais preciosos de valor”, afirmou.
O promotor José Augusto Taveira Júnior afirma que não havia sentido na atuação da Seai, pois além de não ter atribuições de polícia, o ouro é um material regulado pela Polícia Federal, que participou da operação.
“As investigações que estavam sendo realizadas pela Seai dizem respeito a ouro, que é um bem da União. E não fazia sentido inclusive a atuação sequer de órgãos estaduais para fiscalizar a origem desse ouro”, disse.
Gurgel afirma que nas denúncias, as vítimas informaram que a desculpa usada para fazer as abordagens eram sempre drogas.
“Em nenhum episódio desses foi encontrado droga. Tanto que essas pessoas não foram flagranteadas e não foram presas. A alegação dessas vítimas era de uma preocupação constante durante a abordagem de que fosse simulada alguma situação de droga nelas, além de outras formas de coação psíquica que alegaram ter sofrido, terem sentido estar em perigo naquele momento”, conta.