DO ATUAL
MANAUS – O motorista de aplicativo Natanael Ramos dos Santos, de 25 anos, foi preso no sábado (15) suspeito da morte, por asfixia, da adolescente Riana Azevedo Flores, de 15 anos. O crime ocorreu na quinta-feira (13) na casa da vítima, no bairro Coroado, zona leste de Manaus. O jovem foi denunciado cinco vezes por crimes tipificados na Lei Maria da Penha.
“Descobrimos que essa jovem havia conhecido esse rapaz há pouco mais de dois dias em uma corrida de Uber, e marcaram de se encontrar no outro dia. Então, passaram a noite em uma festa, de orgia, de consumo de drogas”, disse o delegado Ricardo Cunha, da Delegacia de Homicídios e Sequestros.
O corpo de Riana foi encontrado pela mãe dela na própria casa onde moravam. Ela estava de bruços, sem calcinha e com o vestido na cintura.
Inicialmente, segundo o delegado, a investigação apurava caso de overdose, mas depois os investigadores identificaram que foi feminicídio.
“Ela [mãe da vítima] sabia e deu histórico do uso de drogas da filha. Chegou-se a cogitar que essa jovem tivesse morrido por overdose, uma vez que não existiam no corpo da vítima lesões aparentes. Mas pela situação que ela foi encontrada e pelas imagens de câmeras de segurança, nós verificamos que não foi overdose e sim um crime de feminicídio”, disse a delegada adjunta Débora Barreiros.
Natanael é casado, mas na noite do crime ele saiu com Riana para uma festa e a apresentou para amigos e familiares como namorada. Ele a deixou em casa e foi visto saindo da local com alguns objetos.
“A perícia identificou que a vítima foi asfixiada com um travesseiro, ou com as mãos por cima da boca e nariz. Isto é, não é um estrangulamento, mas asfixia mecânica. Num primeiro momento, ele disse que não sabia da morte dessa jovem, que acreditava que ela estava dormindo e, por isso, foi embora. Mas pela forma que ele saiu tropeçando, não conseguia nem ligar a moto dele, a gente verifica que ele não saiu de uma maneira tranquila, com certeza estava tentando fugir do local do crime”, relatou a delegada.
Segundo a delegada, Natanel contou em depoimento que manteve relação sexual com a vítima e que a asfixia pode ter acontecido porque eles haviam consumido drogas e ela pediu no ato sexual que ele a enforcasse.
“Essa é a versão dele, uma versão que não é plausível até pela violência que os peritos constataram. Então, a gente descarta de antemão essa versão dele. Verificando o antecedente dele, com tanta Maria da Penha, com violência contra mulheres, a gente acredita que já era da índole dele praticar esse tipo de violência contra a mulher”, disse a delegada.
Sem vínculo comprovado
Em nota, a Uber informa que apesar de ser citada pelo delegado não foi possível verificar o caso relatado porque, até o momento, não foi fornecida à empresa as informações necessárias para checar se o motorista mencionado é cadastrado no aplicativo da Uber e, consequentemente, emitir posicionamento sobre as medidas adotadas.
“Sabemos que popularmente usa-se o nome ‘Uber’ como sinônimo para toda a categoria de aplicativos de mobilidade, bem como sinônimo da atividade de quem utiliza os apps para gerar renda”, diz a empresa na nota.