Da Redação
MANAUS – A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), em parceria com o Ministério da Saúde (MS) e as secretarias municipais de Saúde de Barcelos e de Novo Airão, reforçaram as ações de vigilância nas comunidades da Reserva Extrativista do Rio Unini, no Amazonas, onde ocorreram duas mortes por raiva humana. Uma das estratégias é vacinar e manter sob observação todas as pessoas mordidas por morcego na reserva, que é formada por nove comunidades. O acesso à região é apenas por barco e as distâncias percorridas de até 350 quilômetros tornam-se ainda mais difíceis no período da seca do rio Unini, com corredeiras e bancos de areia.
No dia 16 de novembro, um adolescente de 17 anos faleceu no Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus, e a irmã dele, de dez anos, tambe´m morreu no dia 2 de dezembro, na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), também na capital, após serem atacados por morcegos nessa região, na Comunidade de Tapira, em Barcelos. Outro jovem, irmão deles, de 14 anos, deu entrada na FMT-HVD, no último sábado, 2, com sintomas de febre e formigamento nas mãos.
O paciente está internado na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI), onde está sendo acompanhado por médicos pediatras e intensivistas. “O paciente está lúcido, estável e bem do ponto de vista respiratório e neurológico, não tendo apresentado nenhuma instabilidade hemodinâmica”, informa o diretor de Assistência Médica da FMT, o infectologista Antônio Magela, que está acompanhando o caso. Ele também observa que o paciente já está sendo submetido ao protocolo de Milwaukee, indicado pelo MS, com uso dos medicamentos Biopterina e Amantadina. Também foram coletadas e enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) amostras biológicas para exames e investigação do diagnóstico do paciente.
Uma equipe do MS está no Amazonas desde sexta-feira, 1º, para acompanhar o trabalho. Também vão acompanhar os trabalhos preventivos, de profilaxia e de investigação que estão sendo realizados FVS-AM na área da Resex do Rio Unini, com apoio da equipe de saúde local.
A suspeita de Raiva Humana foi levantada desde o início, por conta do histórico dos pacientes para mordida de morcego. “A orientação para a equipe de saúde local é de que todas as pessoas nesta situação recebam o soro vacinal e fiquem sob observação dos profissionais de saúde locais e das equipes de reforço da FVS-AM. Ao menor sinal de sintoma, a pessoa deve procurar o serviço de saúde local de onde será conduzida à FMT-HDV, em Manaus, referência em doenças Tropicais”, observa o diretor-presidente da FVS-AM, Bernardino Albuquerque.
Os principais sintomas da “raiva humana”, segundo ele, são déficit motor, com dormência ou formigamento e paralisia de membros, mudança de comportamento, como agressividade e extremo estado de apatia.
“É uma região de difícil acesso, com trechos sinuosos de corredeira e bancos de areia. Só para se ter uma ideia, a distância até a ultima comunidade da reserva pode durar de 7 a 12 horas num barco de motor que navega a 50 Km por hora”, explica o chefe do Departamento de Vigilância Ambiental da FVS-AM, Cristiano Fernandes.
Foram capturados 31 morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus, coletados em todas as comunidades que tiveram ocorrência de agressões por estes animais, no Rio Unini. “Sete exemplares de morcegos hematófagos foram encaminhados para pesquisa do vírus rábico, e os demais 24 foram tratados com pasta vampiricida e soltos para o controle das colônias, método indicado para a diminuição de ataques por estes animais”, explica Fernandes.