Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – A ocorrência de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos nesta segunda onda da pandemia de Covid-19 no Amazonas teve um aumento de 95,6% em comparação com o primeiro pico da pandemia em 2020.
Os dados são da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas), apresentados em live nas redes sociais na manhã desta segunda-feira, 8.
De acordo com a apresentação, da segunda quinzena de dezembro de 2020 até o momento, foram 1.391 mortes por Covid entre pessoas de 20 a 59 anos. Enquanto que de março a maio de 2020, meses com mais casos e mortes pelo novo coronavírus ano passado, foram 711 óbitos nessa faixa etária.
No gráfico é possível observar que do total de óbitos por Covid, essa faixa etária correspondia a 25%. Nesse ano, o grupo é uma de 35,7 % das perdas para a doença no estado.
“É a faixa etária economicamente ativa e essa parcela da população precisa ficar mais atenta em relação às medidas de prevenção. Provavelmente já resultado da falta de adoção de algumas medidas, a gente percebeu um relaxamento natural das pessoas, principalmente no final de ano”, afirma Cristiano Fernandes, diretor-presidente interino da FVS.
Fernandes explica que a maior parte do total dos que morreram nessa faixa etária tinham alguma comorbidade.
“Sessenta por cento dos óbitos ocorridos nessa faixa etária de 20 a 59 anos eram pessoas com comorbidade. Então a condição de saúde, as comorbidades têm um peso muito grande”, disse.
A faixa etária também teve aumento de casos do novo coronavírus. Enquanto no ano passado, no pico da pandemia, foram registrados 29.102 casos, neste ano já são 56.522 diagnosticados entre 20 e 59 anos.
Comparando os dois gráficos é possível observar que a maioria dos casos ocorre entre mulheres, mas a maioria das mortes é entre homens.
Média móvel
Os dados apresentados mostram que está havendo uma lenta estabilização de casos da doença no Amazonas.
“A média móvel, a variação dos casos dos últimos 14 dias, nós estamos apresentando uma tendência de uma estabilidade. Essa desaceleração está em torno de 8%”, diz Fernandes. Segundo a Fundação, houve queda de 15% em Manaus e aumento de 1% da transmissão no interior.
“Ainda é precoce nós fazermos qualquer afirmação. No entanto, a gente tem que avaliar esses dados com muita cautela e do ponto de vista epidemiológico essa desaceleração precisa ser valorizada e entendida como um caminho certo sendo seguido pelo Estado”, afirma.
No mês de janeiro deste ano foram 66.381 casos de Covid-19 no Amazonas, sendo 37.942 em Manaus. Nos primeiros sete dias de fevereiro já foram contabilizados 14.360 casos da doença, sendo 7.346 na capital, segundo a FVS.
Quanto aos óbitos, o diretor explica que foi constatada uma redução. Segundo Fernandes, na segunda quinzena de dezembro de 2020 a média móvel de óbitos era de 17 óbitos por dia (medida em 27 de dezembro). De forma abrupta, houve um salto e esse índice atingiu 126 mortes por dia em 21 de janeiro.
“Então assim, em um intervalo de 30 dias nós tivemos uma transmissão muito intensa e esse número de óbitos”, diz.
Um novo cálculo da média móvel de óbitos por Covid-19 no Amazonas tomando como base o período de 1º de janeiro a 7 de fevereiro mostra uma desaceleração nas mortes. Segundo dados da FVS, nos últimos 14 dias houve uma redução de 41% desse índice no estado, com uma queda de 39% em Manaus e 48% no interior.
“Lembrando que essa média móvel a gente avalia os casos ocorridos hoje somados com seis (dias) da semana anterior e compara o comportamento baseado nas semanas anteriores”, explica Fernandes.
De uma média de 126 mortes diárias por Covid medida em 21 de janeiro o estado passou para 68 por dia neste domingo, 7. Em Manaus, esse índice está em 57 óbitos por Covid-19 diariamente, até este domingo.
“Essa desaceleração tem sido observada de uma forma muito cuidadosa. Lembrando que as medidas de prevenção continuam sendo as mesmas, a gente não conseguiu virar a chave em relação à fase”, alerta o diretor.
Nestas cinco primeiras semanas do ano, o Amazonas teve 3.459 mortes pelo novo coronavírus (sendo 2.824 em Manaus). O número é mais que o dobro de maio de 2020, pico da pandemia no estado, que teve 1.614 óbitos.