Por Teófilo Benarrós de Mesquita, da Redação
MANAUS – Moradores da Rua Professor Isaura Barroncas, no Alvorada, zona centro-oeste de Manaus, estimam gastar entre R$ 120 mil e R$ 150 mil com decoração para a Copa do Qatar. A rua é famosa pela decoração e atrai amazonenses e visitantes de outros estados.
“Na Copa passada [2018, na Rússia] os valores foram de R$ 100 mil”, diz o eletricista Everton Vieira, 40 anos, à frente dos trabalhos. Segundo ele, não há apoio de políticos. “São somente os moradores, vizinhos e amigos. Mas não é por isso que vamos desistir”.
Os buracos no asfalto não desanimam os moradores. Segundo Everton Vieira, em fevereiro a comunidade apresentou requerimento à prefeitura em que pediu o asfaltamento para melhor receber as pinturas, mas o pedido não foi atendido. “Mas a gente vai levar assim mesmo. Vamos fazer a rua, pintar ela sem esse novo asfalto”, afirma.
“Semana passada o prefeito e o governador caminharam aqui na rua e prometeram resolver essa situação. O bairro do Alvorada todo está um buraco. O prefeito prometeu até um asfalto pigmentado, com as cores do Brasil. A gente quer que asfalte. O simples mesmo já serve”, diz Everton.
Esta será a primeira Copa sem a presença Emídio Lopes Vieira, antigo organizador da decoração da rua. Ele morreu em dezembro do ano passado de ataque cardíaco. A missão foi herdada pelo filho Everton Vieira.
Pela primeira vez a Copa vai ser disputada no mês de novembro. As datas comuns dos Mundiais da Fifa são entre junho e julho. O novo período de disputa, em razão das peculiaridades climáticas do Qatar, também afeta os preparativos em Manaus.
O eletricista afirma que os trabalhos ocorrem conforme o cronograma para cada tipo de desenho. “Está sendo difícil trabalhar dia e noite nesta calorzão, mas a gente vai entregar dentro do prazo”.
A inovação este ano será nos painéis aéreos montados com tiras de plásticos milimetricamente projetadas, que lado a lado, amarradas em fios que atravessam o espaço, de poste a poste, formam mosaicos. Os temas variam de acordo com o país sede, participantes e mascotes oficiais.
“Nós começamos agora nessa época. Como a Copa vai ser no mês de novembro. Estamos caminhando devagarzinho. A gente sabe que é uma época que vai ser chuvosa aqui em Manaus [durante o Mundial] e a gente tem o cuidado de fazer um trabalho perfeito, conforme o dia a dia, dentro do padrão que a gente tem”, diz Everton.
O organizador explica que em anos de Copa do Mundo é formada uma comissão de moradores. O primeiro passo é apresentar o projeto de ornamentação. Aprovada a ideia, o trabalho seguinte é fazer o orçamento e estabelecer o valor de contribuição de cada morador. A ‘cotinha’ também é aberta a vizinhos e amigos que queiram colaborar e à doações acima do estipulado. Outras formas de arrecadação são bingos, rifas e feijoadas, abertas à toda população.
A data prevista para ‘inauguração’ será 19 de novembro, antes da abertura da Copa. “Vai vir muita coisa boa por aí, coisas ousadas, para impressionar muita gente”.
“Esse ano está sendo mais difícil. Tínhamos um mentor, que era meu pai, que infelizmente Deus o levou. Era o cabeça daqui da rua, sabia todos os passos, todos os materiais. Além de trabalhar, ele também incentivava as pessoas”, lembra Everton. “Este ano, essa ornamentação da Copa vai ser para ele”, diz.
Se o Brasil chegar na decisão do Mundial, dia 18 de dezembro, o jogo será na véspera de completar um ano da morte de Emídio.