Em debate na ALE, na manhã desta terça-feira, moradores e parlamentares decidiram entrar com novo pedido de intervenção no município
MANAUS – O Foro Social Permanente de Coari, formado por entidades não governamentais, participou, na manhã desta terça-feira (10/06), de um debate na Assembleia Legislativa e, nesta quarta-feira (11), às 8h, realiza uma marcha contra a exploração sexual infantil e a corrupção nas raus de Manaus. Os manifestantes vão sair da Praça da Polícia até a Praça do Congresso, no Centro Histórico de Manaus.
Na ALE, o ponto alto foi a denúncia da comerciante Raimunda Socorro Lima de Moura, de 53 anos, que teve a banca de revista arrancada pela Prefeitura de Coari, segundo ela, por vender exemplares de uma edição do jornal A Crítica, de Manaus, com denúncias contra o prefeito Adail Pinheiro. De acordo com o relato, um homem conhecido como “Palanqueta” acompanhado de dois policiais militares, retiraram a banca dela que ficava próximo a uma praça, e levaram para a Secretaria de Obras. “Eles disseram que foi porque eu vendia o jornal e anunciava ‘olha o jornal do pedófilo’. Eu nunca fiz isso, apenas estava vendendo o jornal, como eu fazia há 15 anos”, disse.
Durante a fala na tribuna da ALE, a comerciante disse que teme o retorno ao município, porque a Prefeitura continua a ameaçar os cidadãos que contrariam os interesses dos administradores. “Eu só quero que eles devolvam o que eles me tiraram. Eu não sou contra ninguém, não briguei com ninguém. Só quero voltar a ter a minha vida normal na minha cidade, com os meus filhos”, disse.
Socorro Moura disse que procurou duas secretarias do município para recuperar a banca, que está “toda quebrada” na Secretaria de Obras, e ouviu dos responsáveis que ela não teria o equipamento de volta porque brigou com o prefeito.
Para o deputado Luiz Castro, a situação em Coari é complicada e exige um basta de todos os segmentos sociais. Ele aproveitou a presença de pastores, que aguardavam o fim da discussão sobre Coari para iniciarem uma sessão especial em homenagem ao Dia do Pastor, para pedir que eles se empenhem no combate à pedofilia. “Que nenhum pastor e nenhum cristão se torne omisso diante desses crimes contra as crianças”, afirmou.
Clima de violência
Representando o Conselho de Cidadãos de Coari, que integra o Foro, o ativista social Joel Rocha levou à tribuna da ALE informações sobre o clima de violência na cidade, os crimes de pedofilia e os prejuízos acumulados pelos comerciantes na atual gestão municipal, devido a instabilidade econômica com a prisão do prefeito Adail Pinheiro. A cidade é governada pelo vice-prefeito Igson Monteiro, desde fevereiro deste ano, quando Adail foi preso sub a acusação de prática de crimes sexuais contra crianças e adolescentes.
O espaço para o pronunciamento de Joel Rocha na ALE foi concedido pelos deputados Luiz Castro, José Ricardo, Marcelo Ramos, Conceição Sampaio e Marco Antônio Chico Preto.
De acordo com Rocha a sociedade amazonense precisa tomar conhecimento dos desmandos administrativos na educação, na saúde e na segurança pública, que causam apreensão à população e aos comerciantes de Coari. Além disso, segundo ele, há o temor pela violência contra os cidadãos que se opõem ao grupo comandado pelo prefeito afastado Adail Pinheiro.
Novos pedidos ao MPE
O Foro ingressou no Ministério Público Estadual e na Câmara Municipal de Coari com pedido de investigação e de afastamento do vice-prefeito Igson Monteiro, que substitui Adail Pinheiro, preso no Batalhão da Policia Militar, em Manaus.
O deputado José Ricardo afirmou que nesta quarta-feira será entregue um novo pedido de intervenção em Coari ao Ministério Público. “Amanhã vamos ter uma agenda na Procuradoria-Geral de Justiça, às 11h, quando será entregue o segundo pedido de intervenção”. O parlamentar disse que há situações novas de denúncias e ameaças, questões de ordem administrativa que justificam o novo pedido.
A mobilização do Foro Social Permanente de Coari inclui também audiências com o governador José Melo, com representantes dos Ministérios Públicos Estadual e Federal e os órgãos de imprensa local.
O Foro é formado por representantes de sindicatos, de cooperativas e de associações de trabalhadores e por profissionais liberais de Coari.