BRASÍLIA – O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse nesta quarta-feira, 8, em audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, que a possibilidade de racionamento de eletricidade no País é cada vez menor, a despeito de janeiro e fevereiro terem sido ruins em termos de chuva. Ele destacou que a queda no consumo de energia nos últimos meses no País tem ajudado a manter o equilíbrio estrutural do sistema elétrico. “A cada dia nos afastamos seguramente de qualquer possibilidade de racionamento”, afirmou, em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado.
Em resposta aos parlamentares, Braga voltou a dizer que metas e qualidade e compromissos de investimentos serão exigidos das empresas de distribuição de energia para a renovação das concessões do setor que começam a vencer a partir de junho deste ano. “O realismo tarifário que estamos implantando precisa ser acompanhado pela melhoria da qualidade dos serviços. Qualidade e investimentos serão fundamentos para renovação de concessões de distribuição”, afirmou.
O ministro também alfinetou as companhias de geração e transmissão que não aderiram ao pacote de renovação antecipada dos contratos promovido pelo governo no fim de 2012. Entre elas estão a paulista Cesp, a mineira Cemig e a paranaense Copel. “Quem não renovou concessões do setor elétrico (no pacote) acabou sendo premiado. Essas empresas foram ao mercado de curto prazo e nadaram de braçada vendendo energia a R$ 822 MW/h”, disse.
Risco de déficit
Eduardo Braga também disse que o risco de déficit de energia no sistema Sudeste/Centro-Oeste caiu de 6,1% no começo de março para 4,9% agora. Os dados geralmente são apresentados pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que se reunirá na tarde desta quarta-feira.
Para a região Nordeste, o risco de falta de energia continuou em 1,2%, segundo o ministro. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) admite um risco de déficit de até 5%. “Isso é para mostrar que o sistema elétrico está com níveis bem melhores do que entramos em janeiro de 2015, quando diversos especialistas diziam que nosso sistema não seria capaz de vencer o desafio”, disse Braga, em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado.
Ao apresentar dados do setor, o ministro citou a entrada de 1.500 megawatts novos no parque nacional de geração entre janeiro e março deste ano. Ele também mostrou tabelas com dados sobre a situação dos reservatórios das hidrelétricas em 2001 e 2015. “Mesmo com volume de água em reservatórios menor do que em 2001, temos condições de garantir a oferta de energia. E aumentamos muito a capacidade de transmissão entre as regiões do País. Isso permite que volumes de energia sejam transferidos entre as regiões que têm ritmos hidrológicos distintos, ao contrário do que acontecia em 2001”, completou.
Energia solar
Segundo o ministro, a geração de energia solar por meio de painéis instalados sobre flutuadores em reservatórios de hidrelétricas pode ser usada como “hedge” em momentos de menor quantidade de água disponível. “Com isso, aproveitaríamos linhas de transmissão e subestações existentes. A tecnologia existe há três anos e estamos fazendo testes e estudos”, afirmou.
Depois de apresentar experiências internacionais, ele confirmou que a primeira usina brasileira que deve utilizar essa alternativa será a de Balbina, no Amazonas, um exemplo clássico de hidrelétrica de baixa eficiência, uma vez que gera pouca energia em relação ao tamanho da área de floresta alagada.
“Já a usina de Sobradinho (BA) poderia ser usada também porque extensão do reservatório é gigantesca. Se usarmos 1% da superfície para geração solar, será equivalente à energia gerada por uma nova usina, aproveitando equipamentos existentes e sem a necessidade de novas licenças ambientais para um novo empreendimento”, completou.
Estadão Conteúdo/ATUAL)