Por Rafael Balago, da Folhapress
SÃO PAULO-SP – Ao menos 56 cidades do Brasil dispensaram os cobradores de parte ou de todas as linhas de ônibus que operam, segundo levantamento da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbanos), entidade que reúne as empresas de transporte urbano do país. O Brasil tem cerca de 3.300 municípios com serviço de ônibus municipal.
Entre as capitais, 14 das 26 cidades retiraram parcial ou totalmente seus cobradores. São elas: Belém, Belo Horizonte, Florianópolis, Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Macapá, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória.
Em São Paulo, por exemplo, cobradores deixaram de atuar em parte das linhas locais, que geralmente possuem veículos menores. A cobrança da passagem é feita pelo motorista. A cidade possuía uma lei que exigia a presença de dois profissionais a bordo dos coletivos, mas a regra foi alterada em 2014.
Na Grande SP, houve corte da função em cidades como
Diadema, Ferraz de Vasconcelos, Itapecerica da Serra, Mairiporã e São Bernardo
do Campo.
No Rio de Janeiro, 34% da frota ainda opera com trocadores, segundo a NTU. A
primeira capital a tomar a medida foi Goiânia, em 1998.
A retirada dos cobradores representa um corte de custos para as empresas, o que pode ajudar a baratear a passagem. “O custo da mão de obra representa cerca de 50% do valor da tarifa paga. Cada ônibus urbano costuma demandar em média cinco postos de trabalho: dois motoristas, dois cobradores e um profissional de mecânica ou do administrativo”, explica Otávio Cunha, presidente da NTU.
O cargo de cobrador perde sua função à medida em que aumenta o uso de meios eletrônicos. Diversas cidades do mundo aceitam pagamento via cartão bancário ou pelo celular.
A presença de cobradores é rara em outros países. Nos Estados Unidos e na Europa, o pagamento é feito ao motorista ou se aceita apenas pagamento por cartão. Há casos em que o passageiro deve levar o valor exato, sem a possibilidade de pedir troco, de modo a agilizar a cobrança.
Em países como a Alemanha, o usuário precisa comprar e validar o próprio bilhete. A fiscalização é feita por agentes à paisana, que podem pedir o bilhete a qualquer momento. Quem não tiver um tíquete adequado é multado. O modelo é usado no VLT do Rio. Por outro lado, a mudança elimina postos de trabalho em um momento de crise no país, que soma mais de 13,1 milhões de desempregados. Segundo a NTU, há cerca de 200 mil cobradores no país.