Da Redação
MANAUS – De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2011, a vitamina D é um dos nutrientes dos quais a população brasileira mais apresenta carência. Mesmo sendo um País tropical, com Sol na maior parte do ano, uma das principais causas da insuficiência é a baixa exposição solar.
De acordo com a médica Karen Vasconcelos, a vitamina D contém receptores em vários tecidos como o cérebro, coração, pele, intestino, gônadas, próstata, seios, ossos e rins. Uma deficiência dessa vitamina pode levar a desordens autoimunes como diabetes mellitus tipo 1, esclerose múltipla, lupus sistêmico, síndrome do intestino irritável e artrite.
O estudo do IBGE mostra que 99,6% dos homens e 99,2% das mulheres entre 19 e 59 anos têm níveis insuficientes de vitamina D, A, C e E, cálcio e magnésio no organismo. Os números foram também muito altos em indivíduos com idade superior a 60 anos e em crianças e adolescentes.
Pesquisa recente, realizada pela UFF (Universidade Federal Fluminense), do Rio de Janeiro, identificou que seis em cada dez brasileiros apresentam níveis da vitamina D abaixo do recomendado por não tomar Sol em quantidade necessária. A deficiência também está associada a um maior risco de câncer de cólon e próstata, doenças cardiovasculares e infecções.
“Ainda assim, acredito que a maior descoberta para nossas linhas de cuidado seja a correlação da vitamina D com o programa Doce Conviver: pesquisas demonstram que pessoas com pequena quantidade de vitamina D apresentam 32 vezes mais resistência à insulina, que precede a doença”, explicou a médica. Influencia também outra linha de cuidado dos pacientes, o programa Unifit: “há um consenso científico de que, quanto mais obesa a pessoa, menos vitamina D ela apresenta”, disse Karem.
A exposição solar é a principal forma de ativar a Vitamina D no organismo. “A vitamina é lipossolúvel, ou seja, para ser sintetizada pelo organismo é recomendado tomarmos sol sem filtro solar pelo menos 20 minutos por dia, preferencialmente o início da manhã e no final da tarde, o que pode evitar os danos causados pelo excesso de exposição aos raios UV”, orientou a médica.
De acordo com a especialista, também é possível encontrar fontes ricas em Vitamina D na alimentação. A maior concentração está nos peixes de água salgada, como salmão, arenque, atum e sardinha. Ovos, carne, leite e manteiga também contêm a vitamina, mas em pequenas quantidades.
Absorção de cálcio e fósforo
Mas qual a importância da Vitamina D para o nosso organismo? De acordo com a médica Karen Vasconcelos, ela é responsável por regular a absorção de cálcio e fósforo, ela mantêm o cérebro funcionando perfeitamente, além de fortificar ossos, dentes e músculos – inclusive o coração. Além disso, importante na prevenção da osteoporose, a ausência de vitamina D enfraquece os ossos, aumenta a vulnerabilidade e possibilidade de contrair infecções, provoca transtornos de humor, e quatro vezes mais riscos de desenvolver diabete tipo 1.
Além de enfraquecer os ossos, a carência de vitamina D pode provocar alterações cerebrais. Pesquisas recentes apontam que a deficiência de vitamina D também está relacionada a altos níveis de marcadores inflamatórios, aumento da pressão arterial, mais fraturas, obesidade e diabetes. Em crianças, ainda há risco de raquitismo e em adolescente risco de depressão.
Por meio do exame de sangue é possível saber se os níveis estão abaixo do ideal ou se há necessidade de suplementação. Taxas que variam de 30 a 74 ng/mL são consideradas normais.
Caso haja necessidade do uso de suplementos, a média ressalta que o consumo dessas doses extras deve ser realizado somente com orientação médica. “Quando consumida dentro das quantidades recomendadas a vitamina D não tem efeitos colaterais. Porém, quando ingerida em excesso pode prejudicar os rins por causar o aumento da absorção de cálcio. Por isso, é importante que o consumo além do recomendado desta vitamina seja feito com acompanhamento médico”, enfatiza Karen Vasconcelos.
Gravidez
As futuras mamães devem estar atentas para que não falte nenhuma vitamina durante a gestação. A Vitamina D, apesar de pouco lembrada é fundamental para o desenvolvimento saudável do bebê. Existem algumas evidências de que a deficiência da Vitamina D durante a gestação está associada ao aumento de risco de hipertensão arterial e o diabetes gestacional, bem como ao nascimento de bebês com baixo peso ou pequenos para a idade gestacional.
“Existem estudos que descobriram que se as mães adquirem vitamina D em nível alto durante a gestação, as crianças tendem a nascer com músculos mais fortalecidos. Os resultados apontaram que os filhos de mulheres que tomaram vitamina D durante a gestação possuíam mais força muscular. Além disso, percebeu-se que quanto mais vitamina D durante a gravidez, mais fortes eram os bebês”, afirma a doutora.
Prevenção do câncer
Estudos iniciais indicam que a vitamina D poderia auxiliar na prevenção de diversos tipos de câncer, já que atua no processo de diferenciação celular, evitando o aparecimento de células cancerosas.
Embora não haja nenhuma comprovação científica sobre o papel benéfico da Vitamina D, alguns estudos pré-clínicos e especialistas sugerem fortemente que a deficiência de vitamina D aumenta o risco de desenvolvimento do câncer e que adicionar suplementos de vitamina D pode ser uma maneira econômica e segura para reduzir a incidência de câncer e melhorar o prognóstico e /ou o desfecho da doença.