Por Daniele Madureira, da Folhapress
BRASÍLIA – O Mercado Livre, maior operação de comércio eletrônico da América Latina, vem trabalhando na formalização de pequenas e médias empresas que compõem a sua base: até o fim do ano, 135 mil devem ser regularizadas.
Em 2020, houve um aumento de 142% na contribuição anual de impostos por parte da empresa, considerando os vendedores no Brasil. Apenas os impostos pagos pela companhia em 2020 atingiram R$ 1,2 bilhão.
As informações foram transmitidas em coletiva realizada na manhã desta quinta-feira (30), quando a empresa apresentou o estudo “Impactos que Importam”, encomendado à Euromonitor, para identificar os efeitos da sua operação em cinco países – Brasil, Argentina, Chile, México e Colômbia.
“Nós temos um processo simples de cadastramento no site, em que qualquer pessoa pode vender. Mas à medida que este vendedor se torna frequente na plataforma, ele deve se transformar em pessoa jurídica, há uma formalização”, diz Stelleo Tolda, presidente de varejo do Mercado Livre para a América Latina.
O Mercado Livre é alvo de críticas dos seus concorrentes pela informalidade nas suas vendas: muitas não acompanhariam notas fiscais e parte dos anúncios envolveria até produtos roubados. Na coletiva de hoje, Tolda rebateu as críticas e disse que esses problemas ficaram no passado. Até 2020, 126 mil vendedores foram formalizados e outros 9.000 estão sendo este ano. Ao todo, são 12 milhões de sellers na América Latina.
“Há três anos, 90% das nossas vendas eram entregues pelos Correios, com 10% de entrega própria. Hoje, com o avanço da nossa malha logística, isso se inverteu: fazemos mais de 90% com equipe própria e menos de 10% vão pelos Correios”, afirmou. “Com isso, o vendedor precisa informar suas credenciais fiscais. Produtos roubados não são transportados pelo Mercado Livre”.
Das cerca de 500 mil PMEs (pequenas e médias empresas) atendidas pela companhia na América Latina, 270,6 mil são no Brasil – 93 mil entraram na plataforma em 2020.
Mais do que o consumidor, o alvo da disputa entre os grandes grupos de comércio eletrônico são os “sellers” –os vendedores que integram as plataformas de Mercado Livre, Magalu, Aliexpress, Via (dona das Casas Bahia e Ponto), Americanas, entre outros. Interessa vender produtos financeiros para eles, como o Mercado Pago, fintech do grupo. Daí a necessidade maior de formalização.
Um quarto das PMEs gera entre 51% e 90% da sua renda no Mercado Livre, diz o estudo. Esse público é alvo dos empréstimos concedidos pelo gigante do comércio eletrônico: 1,7 milhão de créditos foram concedidos a 550 mil vendedores em 2020, por um valor médio de US$ 325 (cerca de R$ 1.700).
Segundo o levantamento, mais de 60% dos créditos concedidos a PMEs foram usados como capital de giro, com aplicação em inventário, equipamento, logística e emprego.
“Estamos só no começo do negócio de crédito, não só para os vendedores, como para o consumidor”, disse Tolda. “Não é só o cartão de crédito, é o crediário online. A pessoa física podendo pegar o empréstimo conosco para comprar produtos, por meio de alternativas como o Pix parcelado”, diz ele. “Nosso propósito é a democratização do comércio online”.
Força de trabalho do grupo no Brasil deve mais do que triplicar este ano, para 16 mil De acordo com o estudo da Euromonitor, o Mercado Livre facilita o comércio de mais de 500 mil pequenas e médias empresas. Com isso, direta e indiretamente, há a geração de 148 empregos diretos e indiretos por dia na região – 35 deles no Brasil.
No tocante aos empregos diretos, o Mercado Livre vem acelerando o número de contratações para melhorar a logística. A área é o principal foco dos investimentos de R$ 10 bilhões declarados para este ano, com o objetivo de atingir mais regiões com entregas em até 48 horas.
No início de agosto, a companhia atingiu mais de 10 mil colaboradores diretos no Brasil. Há a previsão de contratação de mais de 6.000 pessoas até o final deste ano, mais da metade para o Mercado Envios, braço logístico do Mercado Livre. As vagas estão mais concentradas na região Sudeste, sobretudo no entorno dos centros de distribuição.
A segunda área da companhia que mais deve contratar é tecnologia da informação, seguida pela sua fintech, o Mercado Pago. Dos 4.900 funcionários da companhia ao final de 2020, o total deve atingir 16 mil colaboradores diretos no país no fim deste ano ou seja, a força de trabalho vai mais do que triplicar de um ano para o outro.
O estudo da Euromonitor aponta que, a cada posto de trabalho gerado, cinco novos empregos são criados nas indústrias adjacentes. Em 2020, por exemplo, a empresa afirma que 35.734 empregos foram criados na logística marinha e 4.268 pelo aumento de fretes do Mercado livre.