Por Michelle Portela, especial para o Amazonas Atual
Desde foi anunciada pelo governo federal, a isenção de visto de turismo ou negócios ao Brasil garantida a viajantes vindos dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, anima empresários do setor que desejam ver o mercado aquecido. Os quatro países que agora estão livres da exigência figuram entre os 20 países que mais gastam com viagem no mundo.
Por isso, a AmazonasTur investe no mercado americano, os estrangeiros que mais conhecem o Amazonas, para atrair mais turistas para a região, com foco na temporada de cruzeiros e nos festivais folclóricos. Abaixo, entrevistamos a presidente do órgão, Roselene Medeiros, sobre este novo cenário. Acompanhe:
- Qual a expectativa de turistas no Amazonas para os próximos anos com o fim da exigência do visto para os quatro países anunciados?
Os turistas norte-americanos são os estrangeiros que mais conhecem o Amazonas, e somam 13% do total do mercado estrangeiro. Pelo fato de estarmos a apenas quatro horas de distância dos estadunidenses, e ter conexão direta com voos pela Copa Airlines e American Airlines, temos turistas norte-americanos durante todo o ano.
Já temos um dado, de que desde o anúncio pelo governo federal da exigência do visto, o site internacional de viagens Kayak registrou um aumento em mais de 31% na procura por voos do EUA para o Brasil, bem como 36% de australianos para as terras brasileiras.
Então, acreditamos que a longo prazo, a tomada de decisão vai impactar diretamente na entrada dos turistas, o que colabora ainda mais para a economia amazonense, movimentando toda a cadeia produtiva do turismo. Afinal, temos atrativos naturais e arquitetônicos inigualáveis.
2. Como o governo do AM se prepara para atender essa demanda? Há alguma meta explícita no planejamento?
Nós temos ações programadas a curto, médio e longo prazo. Temos ações em andamento de promoção, de captação e de reestruturação da infraestrutura turística dos principais polos do Amazonas. Nossa missão, conforme determinou o governador Wilson Lima, é transformar o turismo como uma das principais alternativas econômica amazonense. As ações vão desde a promoção do Amazonas no exterior ao treinamento do prestador de serviço turístico, como legalização e investimento na infraestrutura.
3. O governo pensa em executar campanhas internacionais para atrair mais turistas?
A Amazonastur tem participado das principais feiras, exposições e conferências nacionais e internacionais do setor, promovendo o destino, em busca de parcerias. No segundo semestre, temos ações pontuadas para serem executadas, como por exemplo, campanhas e famtours em parceria com as principais companhias aéreas que fazem rotas internacionais.
4. Nesse contexto, que efeitos a globalização tem sobre as atividades turísticas e a maneira como nos interessamos pelos espaços?
A gente não pode esquecer de juntar a globalização à rede mundial de computadores e ao mundo digital. Tudo isso proporciona a globalização, que impacta claramente o mercado do turismo. Primeiro você começa a comparar padrões de serviços que são prestados em todo o mundo, e a comparar preços. Hoje, o viajante tem a liberdade para navegar pela internet, num refino tão grande, que ele pode entrar na suíte em que vai se hospedar, naquele hotel, e comparar, inclusive, os serviços daquele hotel com outros serviços. É inevitável hoje que quem quer estar no mercado turístico precisa ser incluído digitalmente. O destino de sol e praia, que são mais comuns, têm de se esforçar ao máximo porque as pessoas comparam a acessibilidade, valor, qualidade dos atrativos daqueles destinos. Nós mesmos da Amazônia, sofremos disso com a Amazônia Peruana, Amazônia Andina, Amazônia Colombiana, com a green forest da Costa Rica. Outra questão é da própria oferta de emprego, que permitem serviços diferenciados, por exemplo, Airbnb, que transforma o meio de hospedagem, por meio de um aplicativo, entre outros aplicativos de hospedagens em hotéis. A gente não pode mais pensar no turismo que era feito nas décadas de 70 e 80.
5. O que difere um roteiro cultural de um roteiro comercial? Esse pode ser considerado um nicho de mercado? As agências já descobriram isso?
Acredito que é importante falar sobre a motivação do viajante vir ao destino. O viajante pode ir para aquele destino a trabalho ou a negócios, pode ir ao destino para espetáculos de cultura, fazer um roteiro de museus. Não sei se são nichos de mercado especificamente. Eu tenho impressão que grandes destinos como São Paulo por exemplo permitem a segmentação melhor do que é um roteiro cultural, pois são você vai a cidade especificamente para ver uma exposição de Van Gogh, e aproveita a uma série de museus, galerias. Mas em outros destinos de cidades de médio porte, acredito que não são nichos, e sim uma composição do roteiro normal do viajante.
6. Como isso muda a formação do guia turístico?
O guia de turismo tem de estar pronto para atender a essas demandas. Para ter uma carteira de guia, passa por um curso, onde ele encara essas disciplinas todas. Eventualmente, em algumas situações mais específicas, o guia precisa do apoio de um especialista. Por exemplo, quando se vai a floresta, normalmente, os melhores programas levam um cientistas, biólogos, para explicar melhor a respeito daquele ambiente.