Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD), rechaçou, nesta sexta-feira (18), a hipótese levantada pelo médico Ricardo Zimerman de que há uma “correlação” entre o lockdown e o surgimento da variante P1 no Amazonas. Aziz voltou a acusar o governo federal de usar amazonenses como cobaias para testes do aplicativo TrateCov.
Zimerman é autor de um estudo que aponta “correlação entre a aglomeração intradomiciliar” e o “surgimento da letal P1”. O médico afirmou que a segunda onda da pandemia de Covid, que chamou de “evolução brutal” e “salto evolutivo”, “só ocorreria em um ambiente de muita replicação viral” ou “replicação vital descontrolada”.
“A questão toda é que, ao contrário do que as pessoas pensam, às vezes o lockdown completo, o lockdown dito hoje horizontal, é o contrário do distanciamento social. Se você pega o estado do Amazonas, que vossa excelência conhece melhor do que eu, e olha no IBGE, o número de residentes é muito grande”, disse Zimerman.
“Então, quando ficam seis, sete ou oito pessoas dentro de casa, para o gestor da saúde pública pode ser um lockdown, para o vírus é uma aglomeração, ele não sabe a diferença. Por ser a favor do distanciamento social, esse conceito sempre causou estranheza. O que a gente encontrou não é prova causal”, completou Zimerman.
Ao ouvir a hipótese, Aziz disse que o médico estava “completamente equivocado” sobre o estado amazonense. “Você não sabe nem o que está falando sobre o Amazonas. O senhor está dizendo que, no Amazonas, porque tem uma aglomeração maior, o vírus replicou mais. Não diga isso”, afirmou o presidente da CPI da Covid.
Zimerman rebateu: “Na verdade, vossa excelência, não sou eu. É análise de dados de milhões de telefone celulares. Quando eles ficavam a menos de uma determinada distância sinalizava como (não entendível). Aziz, então, questionou: “Por que na capital o número de mortos foi muito maior que no interior do Amazonas que tem maior população?”.
O médico respondeu que “como a população é maior, evidentemente, há uma transmissão maior”. O presidente da CPI interrompeu: “Não foi isso que você disse. O senhor disse ‘moradia’. Diga por que no interior do Amazonas, que tem o número de pessoas que moram em uma residência bem maior que na capital, o número de infectados foi menor”.
O vice-líder do governo federal, senador Marcos Rogério (DEM-RO), entrou na discussão a favor do médico. O presidente da CPI da Covid rebateu a hipótese de Zimerman afirmando que o vírus foi trazido ao Amazonas por passageiros que vieram dos Estados Unidos da América em viagens realizadas nas férias de janeiro.
Em referência a Omar, Marcos Rogério disse que “o problema da pandemia se agrava por situações justamente por situações como essa que estamos tendo aqui na CPI”. “Leigos, palpiteiros, achando que conhecem alguma coisa de virologia e transmissibilidade”, disse o senador, citando que não conhece e não pode fazer afirmações sobre a virologia.
Omar, então, elevou o tom e afirmou que Zimerman esteve em Manaus “dando aula com a doutora Mayra (Pinheiro) lá sobre tratamento precoce” e pediu para o médico não citar Manaus porque o médico, juntamente com uma equipe do Ministério da Saúde, usou amazonenses de cobaia para testes do TrateCov.
“Não cite Manaus. Foi lá que vocês foram levar e usar o povo do Amazonas como cobaia do TrateCov. Foi lá, foi lá, na minha terra, na terra que eu vivo, foi lá que vocês, o governo federal, juntamente com alguns médicos, foram usar os amazonenses, os caboclos do meu estado, como cobaias. O que morreu de gente lá, doutor”, disse Aziz.
Zimerman afirmou: “Nossa droga em teste, inclusive, reduziu em cinco vezes a mortalidade”. Parlamentares soltaram gargalhada e o médico se dirigiu a Omar: “O senhor teve acesso aos resultados? Isso é uma pesquisa séria. Por favor”.
Omar entende muito é de roubar dinheiro da saúde do Amazonas. Isso ele faz muito bem.