Por Lavínia Kaucz e Sofia Aguiar, do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – Em uma cerimônia com a presença dos presidentes dos Três Poderes, o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Mauro Campbell Marques assumiu o cargo de corregedor nacional de Justiça na manhã desta terça-feira (3). Ele sucederá o ministro Luis Felipe Salomão e ficará no cargo até setembro de 2026. Cabe ao corregedor instaurar processos contra magistrados e inspecionar varas e tribunais.
Natural de Manaus (AM), Campbell destacou em seu discurso de posse as queimadas que ocorrem em diversos biomas no Brasil e defendeu a priorização de julgamentos com o tema da sustentabilidade. “Hoje, a dor é maior. É o Brasil quem está queimando, e cá estou, para, emanado com todos os juízes, apagar esses incêndios priorizando a sustentabilidade ambiental como profilaxia habitual de toda uma sociedade”.
O ministro convidou o Ministério Público, a Advocacia-Geral da União (AGU), o Ministério do Meio Ambiente e a Polícia Federal a serem “parceiros” para informar eventuais gargalos que dificultem a atuação dos magistrados para julgar “com serenidade e rigor técnico que as consequências dessas tragédias impõem”.
Campbell defendeu que todo magistrado deve ser “previsível, habitualmente pacificador, agregador de harmonia”, além de “atuar com isenção e imparcialidade” e conhecer a realidade, “não a que lhe cerca, mas a que ele deve compor e estar inserido no dever de seu ofício e vocação”.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso, elogiou seu “amigo de anos” e disse que Campbell supervisionará todos os 275 mil servidores do Judiciário com “mãos firmes e serenas”.
Barroso disse que “na quase generalidade dos casos” os juízes brasileiros são bem preparados e íntegros. “Nos raros casos de incorreção, de comportamento desviante, estamos aqui para enfrentar, e novamente Mauro será o responsável por essa supervisão geral que valorizará os bons e punirá os poucos maus que comprometem a vida no Judiciário”, complementou.
O presidente do CNJ ainda defendeu o empenho do órgão por melhorar a comunicação com a sociedade por meio do pacto pela linguagem simples. “Estou certo de que Mauro também vai nos ajudar nessa missão de aproximação do Judiciário”.
Estavam presentes na cerimônia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia. Também compareceram os presidentes do STJ, Herman Benjamin, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, os ministros da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e da Defesa, José Múcio, e os ministros do STF Luiz Fux, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
Campbell tem 60 anos e foi nomeado para o STJ em 2008 pelo presidente Lula. Ele também foi ministro do TSE entre 2020 e 2022, onde atuou como corregedor da Justiça Eleitoral.