Por Dhiego Maia e Thaiza Pauluze, da Folhapress
SÃO PAULO-SP – Ao menos 52 presos morreram – sendo 16 decapitados – na manhã desta segunda-feira, 29, em uma unidade prisional de Altamira, no sudoeste do Pará. Esta é a segunda maior rebelião com mortos do ano. Em maio, uma sequência de ataques nos presídios do Amazonas deixaram ao menos 55 mortos.
Segundo
a Susipe, órgão que administra o sistema prisional do estado, a rebelião foi
registrada no Centro de Recuperação Regional de Altamira.
As mortes, acrescenta a Susipe, ocorreram durante brigas entre facções rivais
que tentam controlar o presídio da cidade.
Durante a rebelião, dois agentes foram mantidos reféns, mas foram liberados no final desta manhã após uma longa negociação mediada por policiais civis, militares e promotores de Justiça. A confusão começou por volta das 7h, durante o café da manhã. Policiais fazem vistoria no presídio para recontar os presos e avaliar os danos na unidade.
O presídio estava superlotado. Tinha capacidade para 163 detentos, mas 343 cumpriam pena no local, de acordo com o último relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), elaborado este mês.
Transferência negada
No fim de maio, familiares de presos protestaram em frente a unidade com cartazes para pedir a transferência de integrantes de facções da unidade. As celas são divididas entre custodiados sentenciados, provisórios e internos em situação de conflitos de convivência, afirma a Susipe.
À
época, a pasta negou as transferências e afirmou que estava “acompanhando em
tempo real todo o movimento da massa carcerária”.
Na manhã desta segunda-feira, o clima é de desespero das famílias que esperam
por notícia.
Equipes das polícias Civil e Militar dão apoio aos gentes prisionais e aos peritos do IML, que atuam na contagem dos internos, e vistoria das celas. “Eu só quero a lista, só isso, eu só quero saber se meu marido tá vivo, só isso”, disse Rosângela da Costa, mãe de um preso. Segundo familiares, eles receberam ligação de detentos e a justificativa foi que atearam fogo nas celas com a intenção de matar internos de uma facção rival.
O superintendente do Sistema Prisional, Jarbas Vasconcelos, confirmou que irá a Altamira acompanhando uma equipe de segurança e carro com câmeras frias para fazer o transporte dos 52 corpos até à capital do estado, Belém, onde deverão passar por perícia no Instituto de Perícias Científicas Renato Chaves.
Massacres
O caso de Altamira remete a 2017, quando uma sequência de ataques em unidades prisionais deixou 126 presos mortos no Amazonas, em Roraima e no Rio Grande do Norte. No Ano Novo de 2017, Manaus protagonizou a morte de 59 detentos no Compaj – até então, o maior massacre de presos desde o Carandiru, em 1992.
Naquele mesmo ano, a crise prisional se estendeu para outros estados. Quatro dias depois da chacina nas unidades prisionais do Amazonas, 33 presos foram assassinados no maior presídio de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
Também no início de 2017, um motim deixou pelo menos 26 mortos, decapitados ou carbonizados, na penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, a maior do Rio Grande do Norte.